Por Uemerson Florêncio*
Quando o setor de pessoal solicita a presença do funcionário, a mente faz as primeiras indagações e o corpo sofre as primeiras consequências. Ao chegar no setor e saber da notícia da sua demissão, se não estiver esperando, certamente terá um forte frio na barriga, tremores e terá uma sensação de perda do chão. O baque se estende para depois do período da demissão, até porque quantos compromissos ele deixou de cumprir? Como serão os próximos meses?
A linguagem corporal é o cartão de visita mais impactante que o ser humano pode ter. No entanto, as suas mensagens podem ser transmitidas de forma agradável ou desagradável de acordo com a circunstância.
O sistema nervoso humano é algo extraordinariamente sensível e perceptível. Ele é condicionado a reagir em qualquer situação em harmonia com as nossas variações de humor, sendo assim, ao ser informado de uma demissão, descargas eletromagnéticas são lançadas sobre a corrente sanguínea e diversos hormônios entram em operações.
Quem quer receber uma notícia desagradável? Quem quer sair de uma empresa uma vez que não estava em seus planos? Como gerenciar o tripé da linguagem corporal efetivado pela relação entre a comunicação transmitida, percebida e desejada? Estas três relações são aspectos críticos e nem todas as pessoas conseguem ter domínio delas.
E o que significa cada uma delas? Muito bem, a comunicação transmitida está para o que seu corpo de fato entregou no conjunto da obra, na percebida é o que a outra pessoa identificou ou teve de impressão ao que foi transmitido a partir da compreensão dela e na desejada – é o que você acreditou ter enviado de mensagem para a outra pessoa.
Agora visualize a cena: A pessoa é chamada para uma reunião e de acordo com o seu equilíbrio emocional, pode criar mil mensagens por pensamentos ou entrar em completo estado de perturbação. Ao ser notificada, a pessoa pode esfriar por completo, mas ainda assim, permanecer de pé ouvindo todas as informações sobre o seu último dia na empresa e os trâmites legais a serem seguidos. Neste momento, os batimentos cardíacos da pessoa demitida sofrem inúmeras variações ou diversos descompassos.
Vale acrescentar que ainda dentro da sala a sua linguagem corporal libera diversos códigos, entre eles: Dedos que podem ser estalados, se estiver com algum objeto em mãos, as tensões são dirigidas para o objeto, os olhos podem congelar por mais tempo ou simplesmente piscar de modo constante. A voz pode ficar espaçada, monossilábica, tremula ou ainda, fria e com tom de grosseria. As pernas podem ficar balançando ou pés sacudindo.
Se a pessoa responsável por este desligamento estiver com elevado nível de frieza ou imparcialidade, poderá piorar a saúde emocional da pessoa demitida. Daí, ter a capacitação adequada para garantir a bom encaminhamento da mensagem de demissão para funcionários dentro de uma empresa é muito importante ou estará levando esta pessoa para um cenário emocional questionável.
Se você da equipe de gestão de pessoas tem a responsabilidade de encaminhar este processo, antes de tudo, se coloque no lugar do outro. Seja imparcial, sim, mas não deixe de ser humano, mesmo porque você está diante uma vida. O fato de ser uma empresa não impede que o processo seja humanizado. Dessa forma, dose o seu tom de voz, seja gentil, nobre, ainda que seja para transmitir uma notícia indesejada. O tom de voz nesse momento é decisivo, afinal, é nele que a mensagem pode ser bem absorvida ou não.
O presente vem propor reflexões, jamais esgotar a discussão sobre o assunto, dessa forma, conto com a sensibilidade e compreensão de cada leitor.
* Uemerson Florêncio – (Brasileiro) Empreendedor. Treinador, palestrante e correspondente internacional de opinião para 13 países em 4 continentes, onde expõe sobre a análise da linguagem corporal, gestão da imagem, reputação e crises.