Chargista critica tentativa de enquadrar o Brasil na doutrina de segurança dos EUA com apoio da grande mídia nacional

247 – Durante entrevista ao programa Boa Noite 247, o chargista Carlos Latuff criticou duramente a cobertura da imprensa brasileira e alertou para o que classificou como uma tentativa coordenada de enquadrar o Brasil em uma narrativa de terrorismo promovida pelos Estados Unidos, com o apoio da mídia tradicional. O tema surgiu após a divulgação, pelo portal G1, de uma reportagem que apontava supostas conexões entre o Comando Vermelho e a organização terrorista Al-Qaeda.
Latuff rejeitou a ideia e classificou a iniciativa como parte de uma articulação política mais ampla. “No momento em que o Trump vem com esse argumento [de rotular organizações criminosas como terroristas], me sai essa matéria no G1 fazendo essa ligação entre a Al-Qaeda e o Comando Vermelho. Isso demonstra claramente que a imprensa no Brasil, esse chamado mainstream media, os jornalões, as TVs e tal, elas são puxadinhos da Casa Branca”, afirmou.
Para o chargista, a publicação da reportagem deve ser compreendida dentro de uma lógica geopolítica de submissão do Brasil aos interesses estratégicos dos Estados Unidos. Ele recordou que o ex-presidente norte-americano e atual mandatário Donald Trump “já sinalizou que deseja classificar as organizações criminosas no Brasil como terroristas”, como parte de sua política externa para a América Latina.
Latuff argumenta que esse tipo de classificação serve a um objetivo: abrir caminho para possíveis intervenções militares. “Da mesma maneira que os Estados Unidos invadiram o Iraque e o Afeganistão por conta dos ataques terroristas da Al-Qaeda no 11 de setembro, eles podem utilizar do mesmo argumento da guerra contra o terrorismo para invadir território estrangeiro aqui na América Latina sob o argumento de combater o terrorismo. Já não é mais o tráfico de drogas, é o terrorismo”, disse.
Segundo ele, há um esforço deliberado de setores da mídia e da política para alinhar o Brasil à estratégia estadunidense, o que remete à histórica subordinação de países da região à política externa norte-americana. “Autoridades brasileiras precisam estar muito atentas, porque o Brasil não enfrenta apenas esse tipo de manipulação, mas também toda uma quinta coluna. Como se dizia na Segunda Guerra, os colaboradores do regime nazista e fascista no Brasil eram chamados de quinta coluna. Nós aqui no Brasil temos uma quinta coluna em defesa dos interesses americanos”, afirmou.
Ao final da conversa, Latuff ainda destacou que o contexto geopolítico da América do Sul atual favorece a escalada dessa doutrina intervencionista. “O Paraguai é completamente submisso aos Estados Unidos. A Argentina do Milei nem se fala, é um capacho do Trump. Então, o circo já está armado”, concluiu. Assista: