“Estou com raiva e amargo. Isso não é feito entre aliados”, disse o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, à rádio Franceinfo na manhã de quinta-feira, depois que os líderes da Austrália, Reino Unido e EUA convocaram uma coletiva de imprensa virtual na noite de quarta-feira, anunciando o pacto AUKUS e a entrega de submarinos de energia nuclear convencionalmente armados para Canberra.

A entrega dos submarinos nucleares sob o pacto AUKUS (Austrália, Reino Unido, EUA) significa que Canberra cancelará um acordo de 2016 com a empresa francesa Naval Group para atualizar sua frota com mais submarinos a diesel. O acordo cancelado foi supostamente no valor de US $ 40 bilhões.

“Esta decisão brutal, unilateral e imprevisível me lembra muito o que o Sr. Trump costumava fazer”, afirmou Le Drian. Ele também mirou em Canberra, “é uma facada nas costas. Nós criamos uma relação de confiança com a Austrália e essa confiança foi quebrada.” 

Na manhã de quinta-feira, o secretário da Defesa britânico, Ben Wallace, negou que tenha sido uma ” traição” aos aliados franceses de Londres, mas disse compreender a decepção sentida na França e no Grupo Naval.  Há apenas duas semanas, os ministros da Defesa e das Relações Exteriores da Austrália reconfirmaram seu compromisso com o acordo com a França, apesar dos relatos de desafios. Em junho, o presidente francês Emmanuel Macron disse que o acordo representava a promessa de cooperação contínua nos próximos anos.

De acordo com o acordo de 2016 com Paris, a Marinha Real da Austrália receberia uma frota de 12 de seus submarinos elétricos a diesel de última geração, para substituir seus submarinos Collins de mais de duas décadas. Foi amplamente considerado de interesse mútuo das nações ocidentais em um esforço para conter a ameaça percebida da China.

Conforme observado por Wallace, as embarcações nucleares a serem entregues sob o pacto AUKUS eram mais difíceis de detectar e não precisam ressurgir.

Também na quinta-feira, a ministra das Forças Armadas da França, Florence Parly, disse que o governo consideraria todas as opções para salvaguardar o Grupo Naval, incluindo o pedido de indenização de Canberra. “Estamos estudando todos os caminhos”, disse Parly à rádio francesa RFI. Fonte: Rt.com