Se houver plágio, que seja benéfico – a intenção é imitarmos a formiga: que trabalhemos e produzamos, e guardemos que guardemos nosso produto para o Inverno rigoroso e de comida escassa. Plágio desse teor só traz beneficência.
Assim, após a produção trabalhosa, com a colheita farta, é que teremos direito ao banquete. Se nada se faz, nada se tem a reclamar. Ante a inércia, todo país vai à bancarrota, como parece acontecer, além da subida vertiginosa do dólar, conosco. Tememos a fase em que a formiga não produz, e a cigarra só canta.
Se trabalhamos, crescemos. Se trabalharmos, estaremos cumprindo o dever que nos cabe.
A formiga, inseto himenóptero, que vive em sociedade, é altamente produtiva. É do exemplo dela de que necessitamos neste momento negro da Nação. No cooperativismo de que está imbuída, como inseto trabalhador, há rainhas fecundas e inúmeras operárias céleres no vaivém de encher o celeiro. Que grandeza se nota nesse ato, que deve ser imitado pelo humano!
Cabe o plágio por que formiga é, figuradamente, pessoa econômica, que guarda o que produz para momento difícil. Nem poupança este País sabe fazer! Também, pudera – o sistema usurário do Governo não oferece vantagens para que a tulha fique repleta aguardando o período da entressafra. Somos pecadores nesse sentido. Há época em que nem gafanhoto o deserto oferece ao tuaregue que busca a sobrevivência num oásis salvador!
Quanto à cigarra, não é preciso plágio! Para que imitar quem nada faz? Só canta e canta, e depois de algum tempo ‘estoura’, como faz o perdulário que gasta, inclusive, o patrimônio da família, como faz o mau político, que gasta, até com ‘programa supérfluo’, o dinheiro do celeiro de todos os brasileiros – das estradas, das escolas, da segurança, da saúde… da vida de todos nós.
Por que a cigarra só canta? Seria por que o macho, ansioso de uma cópula, quer atrair a fêmea que também nada faz, ou fez? Seria como um programa com garotas fantásticas, que acordam da letargia, após infindos dias num salão de beleza?
A cigarra, preguiçosa (assim a viu o poeta), é inepta, morre de fome, mas não produz o alimento de que precisa! Que absurdo! Temos alguém assim nesta Nação ora pachorrenta?
Se a fome vem, cobram-nos – o que fizemos no dia anterior? Ontem, nada pudemos fazer? A certeza é a de que a inanição cultural invadiu, e invade ainda, nossos lares. Nesse período macabro, ratos famintos vêm em busca do pouco que nos resta na prateleira da despensa quase vazia, e com eles a peste letal – todas as sanguessugas também querem um pouco do nosso sangue de poucas hemácias. Estamos morrendo de anemia.
Por quê? Porque roubam o pão do povo – desvia-se a verba pública para uma despensa particular, uma cantina que não está em nenhuma escola. Nosso âmago chora – cadê a formiguinha que trabalha? E plagiando o bordão, “Cadê o dinheiro que botei aqui?”
Comparemos – a formiga é o filho que faz a sua parte e não espera que a benesse seja trazida por seu genitor. A cigarra, inseto homóptero, saltador, que também voa sem segurança, tem um aparelho bucal sugador, cujo macho emite um canto produzido por órgãos localizados no abdômen. Esse canto ‘bonito’ atrai algum incauto, enquanto o trabalho ‘dorme’. A cigarra é o cidadão que não varre a sujeira de sua porta e reclama, simples assim!, do Poder por esse mal, que passa a afligir todos os vizinhos.
Quem não trabalha hoje o que poderia reclamar amanhã?
A cantiga falsa da cigarra é que nos engana – como a de políticos que nos ofusca com uma luz de néon no momento em que estamos sorrindo, e depois choramos. Depois, o inseto cantador bate à porta da formiga à procura do que foi guardado na tulha.
Quem condena o trabalho e prefere o canto mavioso da falsa cigarra ao labor produtivo morre de fome alguns meses depois.
É só pensar e comparar!