A fofoca, a sociedade e o sensacionalismo barato

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jonathan-molarPrimeiro, creio que todos já fizemos alguma fofoca, desde as mais ingênuas (se é que existe fofoca ingênua) às mais perigosas. Conviver em sociedade denota relacionamento que denota, infelizmente, julgar o “outro”.     Humanos que somos, ou seja, falíveis, as vezes caímos nesse equívoco, todavia, o conteúdo do texto de hoje é sobre a utilização da fofoca como arma para destruir, ou tentar destruir, a vida alheia.

Pode não parecer, mas desde os séculos XIV, XV já temos registros de como os alcoviteiros de plantão destruíam reinados, não pela luta ou pelas ideias, mas pela fofoca: falar mal do rei, de sua esposa, enfim, de seu cotidiano era mais eficaz que um enfrentamento direto. Digo mais, acho desde que o mundo é mundo, a fofoca é uma das armas mais traiçoeiras.

Uma pesquisa realizada na Europa dias atrás, apontou que notícias sensacionalistas e de conteúdo falso circulam três vezes mais que as notícias verdadeiras que desarticulam a mentira, isto é, nós, ou alguns de nós, somos sedentos pela vida do outro, pelos hábitos, erros e tragédias.

Já observaram que quanto mais imatura é uma sociedade mais a fofoca está impregnada nela? Certamente, um dos desafios mais complexos que temos é auto avaliarmos, afinal, é bem mais cômodo julgar e avaliar o outro, na maioria das vezes sem saber o que de fato ocorreu e, ainda que tenha ocorrido, não nos dá o mínimo direito de apontá-lo, ação essa considerada delituosa pelo nosso Código Penal, nos crimes contra a honra.

Aonde há fofoca, há o rancor, a vingança, por que não trocar esses sentimentos pela solidariedade e por fazer algo pelo próximo? Viver a nossa vida já é complexo demais para querer bisbilhotar a do outro.