O título acima foi manchete do artigo da Senadora pelo estado de Tocantins, Kátia Abreu, Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, publicado no Jornal A TARDE, dia 10 de maio deste ano. Ali, ela aborda um assunto recorrente e muito por mim comentado. Costumo brincar com os amigos, e mesmo médicos afeitos, que ante o avanço da medicina, ninguém mais vai morrer. Vacinas foram inventadas e muitas vidas foram salvas aumentando as perspectivas de vida em todo o mundo. Alimentação adequada, entre outros. No final do século XIX, Antonine Lavoisier, renomado químico francês, além de afirmar ao mundo que “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, comunicou que nada mais havia de ser inventado, pois tudo que poderia ser inventado já o fora. Coitado, foi desmentido no início do século seguinte por Santos Dumont pelo avião. Mas o que mais absorveu minha atenção foi a coincidência de sua narração com um presente que me foi enviado por uma amiga de juventude, hoje viúva e residindo em Maceió. Nosso conhecimento surgiu em 1957, quando ela estudava interna no Colégio São José, situado na fralda do morro da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador, por intermédio de meu amigo Clemente Chaves que também me apresentou Jesus Moura, ambos foram prefeitos de Guaratinga. Muitas vezes me fiz passar por seu irmão para suas saídas do Colégio, ludibriando a Madre Superiora. Seu tio José Oliveira, fazendeiro no córrego da Bateira, em Medeiros Neto, amigo de meu pai, não só facilitou o relacionamento como o preservou por longos anos. O córrego da Bateira era famoso por provocar febre até em macaco, como propagava o povo. Depois de formado voltei para Itanhem de onde era originário, e tempos depois advogando em Guaratinga a encontrei, já casada. Agora, em maio, recebi um gracioso presente, por ela enviado da capital alagoana. Sabedora do meu ateísmo desde os tempos escolares ofertou-me o livro “O Bom Livro, Uma Bíblia Laica”, do mesmo autor citado pela senadora, acompanhado de uma dedicatória comovente, sincera e adorável, foi um belo presente. Aqui entra a Senadora Kátia Abreu e seu artigo. Começa ela dizendo: “Vivemos uma época singular, que poderíamos denominar de velório das essências: cigarros sem nicotina, cerveja sem álcool, leite sem lactose, café sem cafeína, sexo virtual e – pasmem! – até Bíblia sem Deus. É sério. Há dias, numa livraria, me deparei com um livro intitulado “O Bom Livro” de um certo A. C. Grayling, que se propõe a ser “uma versão não religiosa da Bíblia – “A Bíblia Laica”. Não sei como isso é possível, já que a Bíblia é a palavra de Deus. Os que não creem, não creem, mas isso não muda sua essência. Em Roterdã, na Holanda, uma igreja evangélica examina as escrituras sob a ótica de ciência, sem “contágio espiritual”. Não há orações, mas acalorados debates científico-filosóficos cujas conclusões, quando as há, não aproveitam nem à ciência, nem à filosofia. É o café sem cafeína, o leite sem lactose etc. A essência como supérfluo, a vida sem espírito”. Por isso proliferaram a criação de igrejas de todos os matizes, crenças e gostos, desde que Lutero traduziu a Bíblia do grego para o latim dando-lhe uma nova interpretação. Um americano escreveu um livro dizendo que Cristo não existiu. Volto ao francês Lavoisier. É difícil se acostumar sem televisão, geladeira, telefone celular, computador, internet e similares cibernéticos. Recentemente tomei conhecimento que estudantes da Universidade Federal da Bahia haviam concebido um aparelho, um aplicativo cibernético, com formato de um celular, que serve para auxiliar os deficientes visuais em leituras, mais prático e avançado, como pode acontecer nos tempos atuais, que dispensa o método Braille. É bastante prático e de facilidade uso sem complexidade. Simplesmente o paciente passa a pequena peça sobre o texto de que se deseja saber o conteúdo, para imediatamente ouvir tudo que ali foi escrito. Lavoisier se estarreceria, repito, com tanto avanço tecnológico, onde transplantes de órgãos são procedidos com tanta naturalidade e frequência. Fígado, rins, olhos, orelhas, peles, ossos, enfim, até, coração, a bomba propulsora, que segundo Noel Rosa, no seu Samba Anatômico, transforma o “sangue venoso em arterial”, suprimindo a função do pulmão. Afinal era ele estudante de medicina. Embriões são transplantados de um útero para outro sem risco algum. Pode-se escolher o sexo e até a cor dos olhos. Afinal quem vai morrer com tanto avanço e experiências bem sucedidas, onde animais reproduzem mais de uma vez por ano, graças ao processo de captação de óvulos que serão inseridos em barrigas de aluguel. Breve chegaremos aos transplantes de cérebros. Ah! o nome da viúva samaritana: EUNICE OLIVEIRA, que sempre visita sua genitora, em Eunápolis, perto de 100 anos. Sr. Manoel Oliveira não esperou tanto. Obrigado! Teixeira de Freitas, 13 de maio de 2014. *Ary Moreira Lisboa é advogado e escritor.