A China é o próximo Império e os EUA seguem presos na negação”, diz Richard Wolff

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Economista alerta sobre o declínio do capitalismo americano e a ascensão chinesa como nova potência global

(Foto: Reprodução)

247 – Em uma palestra impactante no YouTube, o economista Richard Wolff apresentou uma análise profunda sobre o estado do capitalismo nos Estados Unidos e as mudanças na ordem mundial. Wolff, conhecido por suas críticas contundentes ao sistema econômico, afirmou: “O sistema capitalista nos EUA está em dificuldades como nunca antes. É o pior cenário que já presenciei em toda a minha vida, e meu cabelo branco é prova de que já estive por aqui há um bom tempo.”

Segundo Wolff, os Estados Unidos enfrentam uma crise histórica marcada por estagnação econômica, crescente desigualdade social e uma incapacidade de lidar com o declínio de sua hegemonia global. Ele alertou que a ascensão da China como potência econômica é inegável e segue um padrão histórico de ciclos imperiais. “A história do mundo é uma sequência de impérios que nascem, evoluem e morrem. A China é o próximo império, enquanto os EUA permanecem presos na negação”, declarou.

Negação e colapso: uma constante histórica

Wolff destacou que a negação tem sido uma característica comum entre líderes e sociedades diante do declínio de impérios. “Assim como aconteceu com o Império Britânico, que ignorou sinais claros de colapso, os EUA também estão negando o que está diante de seus olhos. Essa recusa em reconhecer a realidade só agrava a situação”, afirmou o economista.

Ele explicou que o capitalismo nos EUA vive sua maior crise, refletida em uma redistribuição massiva de riqueza para os mais ricos nas últimas quatro décadas. “Desde os anos 1980, houve uma transferência de recursos do meio e da base da pirâmide para o topo. O 1% mais rico se beneficiou de forma avassaladora, enquanto os salários reais da classe trabalhadora permanecem estagnados desde 1978”, analisou Wolff.

Além disso, ele criticou as mudanças nas leis tributárias, que, segundo ele, favoreceram corporações e indivíduos ricos, e o aumento da dívida das famílias americanas. “As famílias, especialmente as mulheres, foram forçadas a trabalhar mais, enquanto recorrem a empréstimos para sobreviver. Isso destruiu a estrutura familiar e gerou um nível de pressão social insustentável”, destacou.

O exemplo da Alemanha e os perigos do declínio

Wolff comparou a atual crise americana ao declínio da Alemanha no início do século XX, marcado pela derrota na Primeira Guerra Mundial e pela hiperinflação que desestabilizou a sociedade. “A Alemanha foi destruída economicamente, e o resultado foi a ascensão de Adolf Hitler. Os paralelos são assustadores. Negar os sinais de declínio sempre tem consequências catastróficas”, alertou.

Ele reforçou que, assim como a Alemanha naquela época, os EUA enfrentam um cenário de desigualdade crescente e descontentamento social, que podem resultar em explosões políticas e sociais. “A negação dos problemas estruturais do capitalismo está levando a sociedade americana a um ponto de ruptura”, disse Wolff.

A ascensão da China como novo império

Wolff destacou que a China é o principal competidor econômico dos EUA e já apresenta todos os sinais de um império emergente. “A China cresceu, em média, 6% a 7% ao ano nas últimas décadas, enquanto os EUA se limitam a 2% ou 3%. Isso explica por que a China já ultrapassou os EUA em diversos setores, especialmente nos de alta tecnologia”, afirmou.

Ele também criticou as estratégias americanas para conter o avanço chinês, incluindo a guerra na Ucrânia, que, segundo ele, tem como objetivo enfraquecer a Rússia, principal aliada da China. “Esse conflito não tem nada a ver com a Ucrânia em si. É uma tentativa de limitar a influência chinesa, mas está fadada ao fracasso. A ordem mundial não é mais controlada pelos EUA”, declarou.

Reflexão e chamado à ação

Para Wolff, o primeiro passo para superar essa crise é reconhecer a realidade. “A negação é o maior perigo. Precisamos encarar os fatos e aprender com a história. O Império Britânico, após suas derrotas militares, optou por estabelecer uma relação com os EUA em vez de continuar a negar seu declínio. Essa é uma lição que os EUA precisam aprender”, concluiu.

A análise de Richard Wolff serve como um alerta poderoso sobre os desafios internos e externos enfrentados pelos Estados Unidos e a inevitável ascensão da China como potência global. Encarar esses fatos, segundo ele, é essencial para evitar um colapso ainda mais devastador. Assista:

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