O número SETE é um número enigmático e cheio de significados, alguns dos quais representativos para os povos. Algum tempo passado escrevi, neste mesmo espaço, sobre o assunto. Teve alguma repercussão entre os poucos leitores que perdem tempo em ler a coluna (Débora foi uma). No aeroporto de Aracaju, ao despedir de Jorge, que estava de partida para Las Vegas, USA, juntamente com a namorada Raísa, filha de dona Rebeca, confessou-me que era encantado pelo número SETE. No mesmo momento, prometi-lhe que escreveria a abrangência do referido número. O que faço neste momento. Para dar um colorido menos árido, lembremos que o arco-íris tem SETE cores: amarelo, azul, azul anil, laranja, lilás, verde e vermelho, cuja descoberta foi feita por Izaac Newton, através do espectro solar; são SETE os dias da semana; SETE as notas musicais; SETE os pecados capitais: avareza, gula, inveja, ira, luxuria, preguiça e soberba, SETE as maravilhas do mundo antigo: Colosso de Rhodes, Estátua de Zeus, Farol de Alexandria, Jardins Suspensos da Babilônia, Pirâmides do Egito, Templo de Diana e o Túmulo de Mausolo; SETE os sábios da Grécia: Bias, Chilon, Cleóbulo, Periandro, Pítago, Solon e Thales de Mileto; SETE as flautas de Pã; SETE as cordas da lira de Orfeu; SETE as portas do Sol; SETE as portas de Tebas, atacadas por SETE Reis e defendida por outros SETE; SETE São as ciências naturais: aritmética, astronomia, geometria, gramática, lógica, música e retórica; também são SETE as doenças primárias, que são as disfunções do caráter humano que os primeiros sábios listaram como: amor-próprio, crueldade, ignorância, instabilidade, ódio, orgulho e voracidade. Hipócrates, o pai da medicina, disse que este número “está na origem de todas as coisas, é o promotor da vida e a fonte de todas as mudanças”, e que a Lua é um exemplo, ao mudar de fase a cada SETE dias, influenciando as marés, a produtividade do solo e as emoções humanas. Os antigos sacerdotes astrólogos, baseavam a relação humana com o cosmo a partir dos SETE corpos celestes mais próximo da Terra: Sol, Lua e os cinco planetas visíveis a olho nu. Pitágora revelou as seis dimensões espaciais e a dimensão extra, a cósmica, estabelecendo uma relação entre os SETE raios solares conhecidos e a sensação do espaço. Para Pitágora é o Sete o Número Perfeito, é o que determina o equilíbrio da pirâmide. Não foram os gregos os primeiros que valorizou a presença do número SETE. Antes de descobrir o ábaco, quando o Homo Sapiens começou a contar com os dedos, o conceito natural, esotérico e filosófico se atrelou a tal número. Nintu, o grande deus dos sumérios, tinha SETE portas em seu templo, onde os rituais de sacrifício eram feitos com SETE vezes SETE animais. Para os hindus, o homem existe em SETE planos: emoção, espiritualidade, inteligência reflexiva, intuição, revelação divina, sensação e vontade. Eles, Hindus, descendem de SETE filhos espirituais de Brahm, os Pajapatis, que em sua cosmogonia os Sete Rishis, os sábios e os SETE Manus, governantes do mundo. E Buda? E o Do-In oriental? Segundo o Do-In, SETE são os centros sutis da ioga, SETE são os períodos de vida e são SETE os estágios orbitais da criação. Ao nascer Buda deu SETE passos e disse: “este é o meu último nascimento, para mim não haverá outra existência” e ele tem “SETE buracos no coração”, segundo os textos sagrados chineses, que fazem grandes festas no SÉTIMO dia do SÉTIMO mês e consideram o lótus de SETE pétalas um amuleto. SETE são os fundamentos do budismo, os Devas e, correspondendo a eles, SETE são os antigos deuses da sorte no Japão. E a Bíblia? É ela uma exaltação ao SETE: a criação do mundo ocorreu em seis dias e Deus descansou no SÉTIMO. O Faraó sonha com SETE vacas gordas e SETE vacas magras, Sete espigas cheias e Sete espigas vazias, o Egito é assolado por SETE pragas. No ataque a Jericó, o exército marcha ao redor da cidade durante SETE dias, no SÉTIMO dando SETE voltas, tendo à frente SETE sacerdotes com trombetas. No Livro de Zacarias é mencionada uma pedra com SETE olhos e um anjo esclarece que são os SETE olhos de Deus que abarcam a totalidade da Terra, ou seja, as totalidade do SETE. No livro dos Provérbios fala-se nos SETE Pilares da Sabedoria, sem dizer quais são eles. No Segundo Testamento Pedro pergunta a Cristo até quantas vezes se pode perdoar uma pessoa, se até SETE vezes. Cristo responde “até SETENTA vezes SETE”. E Ele multiplicou SETE pães, cuja sobre foi de SETE cestos. Os hebreus depois de cultivarem a terra a deixavam descansar SETE dias. Em Henoch tem SETE anjos da Cabala: Chamuel, Gabriel, Jophiel, Miguel, Rafael, Sadliel e Uriel. Tem mais Jorge. Alcobaça, 5 de novembro, de 2013. (aniversário de Ruy Barbosa). *Ary Moreira Lisboa é advogado e escritor.