50 anos do tri: por onde andam os campeões da Copa de 1970?

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Há cinco décadas, o Brasil goleava a Itália por 4×1 na consagração de uma das maiores seleções de todos os tempos

O timaço de 1970 reunido. Em pé: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo e Everaldo. Agachados: Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino
(Foto: Reprodução / El Gráfico)
Há muitos times que ganham campeonatos, mas poucos marcam uma geração. A Seleção Brasileira que conquistou o tricampeonato mundial na Copa de 1970 fez isso e foi além: virou história a ser contada para os descendentes. Há exatos 50 anos completados neste domingo (21), o Brasil goleava a Itália por 4×1 no Estádio Azteca, na Cidade do México, e fazia o mundo vibrar com a beleza do futebol praticado por uma equipe tão forte individual e coletivamente. Com craques de sobra jogando em prol do grupo, com 19 gols marcados em seis jogos. Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gérson; Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivellino. Técnico: Zagallo. Um esquadrão inesquecível que merece todas as homenagens possíveis daqueles que enxergam o futebol em forma de arte. A seguir, saiba por onde anda cada um dos 22 jogadores e do treinador campeões.

Camisa 1 – Félix

Posição: goleiro

Idade: falecido aos 74 anos (24/12/1937 – 24/8/2012)
Clube na época: Fluminense

Félix foi o goleiro titular do tri (Foto: CBF)

A escalação da seleção que, na opinião de muitos, é a melhor da história do futebol começa sempre por ele: Félix, goleiro titular do Brasil na Copa de 1970. Ídolo da Portuguesa e do Fluminense, clube pelo qual atuava na época do Mundial, o camisa 1 morreu em 2012, aos 74 anos, por complicações de um enfisema pulmonar.

Chamava atenção e causava certa desconfiança a altura de 1,76m, pouca para o padrão da posição. Mas Papel (apelido que o goleiro ganhou por causa de sua magreza) compensava com agilidade. Na Copa do México, Félix foi fundamental na vitória de 1×0 sobre a Inglaterra na primeira fase, a mesma que ficou marcada pela defesa do inglês Gordon Banks após cabeçada de Pelé. O ex-ponta esquerda Paulo Cézar Caju, outro campeão de 70, prefere destacar o colega brasileiro: “Nesse mesmo jogo, contra a Inglaterra, Félix salvou o Brasil. O verbo é esse mesmo, ‘salvou’ o Brasil”, escreveu em artigo publicado pela revista Veja em abril deste ano.

Ao longo da carreira, jogou também no Nacional-SP. O auge, sem dúvida, se deu no Fluminense, onde foi campeão brasileiro de 1970 (na época chamado Roberto Gomes Pedrosa) e cinco vezes campeão carioca (1969, 71, 73, 75 e 76). Teve ainda uma breve carreira como técnico na década de 1980, no Avaí.

Uma curiosidade para o público baiano: Félix venceu um torneio na Fonte Nova, em Salvador. Foi o Quadrangular de Salvador, batizado oficialmente de Torneio José Macedo Aguiar, em dezembro de 1971. Nove meses depois da inauguração do anel superior do estádio, Bahia, Vitória, Flamengo e Fluminense se reuniram numa disputa amistosa em que os times baianos enfrentavam os cariocas, e quem somasse mais pontos seria campeão. O Flu empatou com o Vitória por 0x0, ganhou do Bahia por 1×0 e conquistou a taça. O Tricolor das Laranjeiras tinha Marco Antônio na lateral esquerda e Zagallo como técnico, ambos também campeões do mundo em 1970.

Camisa 4 – Carlos Alberto

Posição: lateral direito
Idade: falecido aos 72 anos (17/7/1944 – 25/10/2016)
Clube na época: Santos

Carlos Alberto, o Capita, levantou a taça Jules Rimet (Foto: Arquivo Nacional)

O Capita, o homem que levantou a taça Jules Rimet. Carlos Alberto Torres era não só referência técnica na lateral direita como a maior liderança do time. Firme na marcação, gostava também de subir ao ataque, o que proporcionou a ele fazer o último gol da Copa de 70, fechando a goleada de 4×1 sobre a Itália na final, que completa 50 anos neste domingo (21).

Um gol, por sinal, que resume bem a força coletiva daquela Seleção. A jogada começa com Everaldo roubando a bola na esquerda, Tostão recua para Piazza, passa ainda no campo de defesa por Clodoaldo, Pelé e Gerson até chegar novamente aos pés de Clodoaldo, onde o roteiro mágico se inicia: a famosa sequência de dribles em quatro italianos antes de rolar para Rivellino, dele vai para Jairzinho, que aciona Pelé e este rola para a finalização fulminante de Carlos Alberto.

Como jogador, Carlos Alberto Torres foi revelado pelo Fluminense, atuou no Santos (os dois principais clubes da carreira), Botafogo, Flamengo, New York Cosmos (onde jogou com Pelé e Beckenbauer) e California Surf, estes dois últimos dos Estados Unidos. Pelo Santos, dois títulos brasileiros (Taça Brasil 1965 e Robertão 1968), cinco estaduais, um Rio-São Paulo e uma Recopa Sul-Americana. Pelo Flu, três estaduais.

Ao pendurar as chuteiras, virou treinador e logo de cara já foi campeão brasileiro pelo Flamengo em 1983.  Ganhou ainda a Copa Conmebol (equivalente à atual Copa Sul-Americana) pelo Botafogo em 1993 e dois estaduais, um com o Fluminense (1984) e outro com o Náutico (1985). Nos últimos anos antes de falecer, trabalhava como comentarista do canal Sportv.

Você sabia? O uso da camisa número 2 pelo lateral direito titular da Seleção só virou tradição a partir da Copa de 1978, na Argentina. Até então, não havia um padrão. Carlos Alberto jogou com a 4, seguindo o modelo adotado por clubes como Botafogo e Santos, que mantêm esse critério até hoje. Na Copa anterior, em 1966, a distribuição dos números foi por posição: goleiros ficaram com 1 e 12, defensores foram do 2 ao 9, na sequência os meio-campistas e depois os atacantes. Abriu-se exceção para Pelé, que tinha usado a 10 em 1958 e não largou mais.

Camisa 2 –  Brito

Posição: zagueiro
Idade: 80 anos (9/8/1939)
Clube na época: Flamengo

Brito era o xerifão da zaga brasileira (Foto: CBF)

É comum dizer que uma boa dupla de zaga é formada por um zagueiro viril e outro mais técnico. Pois na Seleção de 70 a virilidade atendia pelo sobrenome Brito. Xerife que marcou época no Vasco ao longo da década de 1960, ele – que meses antes da convocação se transferiu para o Flamengo – até hoje é lembrado como sinônimo de zagueiro central firme, forte e que não perde viagem. Se seu time tem um defensor assim e você quiser elogiá-lo, basta dizer que o estilo é comparável a Brito. Mas vê lá quem merece a comparação, pois não é qualquer um. “No esporte eu vejo que física e técnica precisam caminhar juntas. E dentro de campo, existem situações em que a física supera até a técnica”, disse ao site da CBF.

Brito era um dos seis remanescentes do fracasso na Copa de 1966 na equipe que embarcou para o México, assim como Gerson, Tostão, Pelé, Jairzinho e Edu. Seu grande parceiro de zaga ao longo da carreira foi Fontana, com quem esteve junto no Vasco, no Cruzeiro e na Copa de 1970, sendo Fontana reserva no Mundial. Em campo, o par no México foi com Piazza, volante de categoria na saída de bola que, recuado para a defesa, deu o equilíbrio necessário: um na força e outro no jeito.

Além de Vasco e Flamengo, Brito jogou também no Internacional, Botafogo e Corinthians, além de Athletico Paranaense e times de menor destaque nos anos finais da carreira. Foi campeão carioca de 1956 e do Rio-São Paulo de 1966 pelo Vasco. Atualmente, mora no Rio de Janeiro, onde nasceu.

Camisa 3 – Piazza

Posição: zagueiro
Idade: 77 anos (25/2/1943)
Clube na época: Cruzeiro

Piazza foi titular graças à versatilidade (Foto: CBF)

Volante ao longo da carreira no Cruzeiro, Piazza foi recuado para a zaga por Zagallo, que assumiu o comando da Seleção a menos de três meses do início da Copa e viu nele a possibilidade de melhorar a saída de bola da equipe. Tinha a classe que complementava a virilidade de Brito. Com o desempenho no México, mostrou ter também a versatilidade que marcou uma equipe montada com cinco camisas 10, pois craque tinha seu lugar entre os titulares. Era o caso dele.

“O fato de eu aceitar atuar como quarto-zagueiro carimbou o meu passaporte para o México. Por mais que corresse risco de ir mal na função, mostrei para o Zagallo que estava disposto a atuar com a camisa da Seleção da maneira como ele pensasse a equipe”, afirmou Piazza, em entrevista ao portal Lance! publicada na semana passada. O primeiro ensaio aconteceu durante a preparação, quando Baldocchi se machucou em um treino e ele se ofereceu para cobrir o desfalque na zaga reserva. Zagallo gostou da atuação e da atitude. Já a escalação como titular foi surpresa até para o próprio Piazza: “Boa impulsão eu até tinha, mas carrinho eu não sabia dar”, comentou. Até então, pensava-se que o titular seria Fontana.

Revelado pelo pequeno Renascença-MG, logo saiu para construir a carreira toda no Cruzeiro, onde ficou de 1964 a 1977 e, jogando no meio-campo, foi campeão da Taça Brasil de 1966 e da Libertadores dez anos depois, além de ter vencido o Campeonato Mineiro dez vezes, incluindo um penta e um tetra consecutivos.

Também jogou a Copa de 1974, na Alemanha Ocidental, em que o Brasil terminou em 4º lugar. Foi vereador por Belo Horizonte em quatro legislaturas e teve cargos públicos ligados ao esporte. Atualmente, é presidente da Federação das Associações de Atletas Profissionais (FAAP).

Camisa 16 –  Everaldo

Posição: lateral esquerdo
Idade: falecido aos 30 anos (11/9/1944 – 27/10/1974)
Clube na época: Grêmio

Everaldo, uma estrela que se foi muito cedo (Foto: Divulgação)

A capacidade de marcação deu ao gremista Everaldo a titularidade nessa Seleção dos sonhos. Como o time era muito ofensivo do meio pra frente, e Carlos Alberto ainda gostava de subir ao ataque pela direita, a solução que garantiu o balanço defensivo foi escalar Everaldo, e não Marco Antônio, lateral do Fluminense mais afeito ao ataque. Houve uma pitada de sorte: Marco Antônio, que estava cotado para ser titular e ganhou a camisa 6, se lesionou antes da estreia e não teve condição de enfrentar a Tchecoslováquia. Everaldo entrou e ganhou a posição. Por isso, é o único titular com número de camisa fora do padrão 1 a 11. Vestiu a 16.

Porém, a história de Everaldo é chocante. A alegria do título contrasta com a tristeza da tragédia que acometeu o lateral. Quatro anos depois do tri, Everaldo voltava de Cachoeira do Sul, no interior gaúcho, para Porto Alegre e morreu em um acidente na BR-290, quando seu carro bateu em um caminhão carregado de arroz. Por ironia do destino, o veículo, um Dodge Dart, havia sido um presente dado por uma concessionária em homenagem pela Copa de 70.

Além do jogador, então com 30 anos, morreram no acidente a esposa e a filha mais nova do casal, que tinha 3 anos. A filha mais velha, Denise, então com 6, sobreviveu e foi criada por parentes. Mora em Porto Alegre.

Everaldo recebeu uma homenagem marcante do Grêmio ainda em vida. Nove dias depois da conquista no México, o clube incluiu uma estrela dourada em sua bandeira oficial simbolizando o lateral esquerdo, que foi o primeiro jogador de um time gaúcho campeão mundial com o Brasil. Na ocasião, ele também recebeu o título de atleta laureado e duas cadeiras cativas no estádio Olímpico, mando de campo gremista na época.

Camisa 5 – Clodoaldo

Posição: volante
Idade: 70 anos (25/9/1949)
Clube na época: Santos

Clodoaldo era o volante da equipe (Foto: CBF)

É raro no mundo uma equipe ter um primeiro volante da categoria de Clodoaldo. O único nordestino entre os 22 convocados, esse sergipano que sucedeu Zito no Santos estreou no Peixe com apenas 16 anos, se tornou titular aos 17 e jogou a Copa do Mundo com 20, sendo o titular mais jovem na campanha do tri.

Dois lances na reta final da Copa ilustram a qualidade de Clodoaldo com a bola nos pés. Na semifinal, é dele o gol de empate contra o Uruguai, após tabelar com Tostão pela esquerda e aparecer na área para finalizar. Na decisão, dribla quatro italianos no lance que origina o quarto gol brasileiro, marcado por Carlos Alberto Torres.

Carlos Alberto, por sinal, foi fundamental para que o único gol de Clodoaldo acontecesse. “Gérson e Capita me chamaram, imagino que por volta dos 35 minutos, e o Gérson falou: ‘Olha, você vai sair um pouco mais porque o negócio está pegando para mim. Está difícil para dominar e fazer os lançamentos’. Devo esse gol ao Gérson e ao Capita, que pediram para que eu saísse”, revelou em entrevista à CBF.

Corró, apelido que ganhou na infância, teve o Santos praticamente como único clube em toda a carreira, abreviada aos 32 anos por causa de lesões no joelho. Já no finalzinho, jogou no New York United e fez três partidas pelo Nacional-AM. Pelo time amazonense, ele se recusou a disputar um amistoso contra o Santos.

Após parar de jogar, Clodoaldo foi treinador nos anos 1980 e também assumiu funções diretivas no clube da Vila Belmiro, onde já vice-presidente, diretor, gerente de futebol e gestor das categorias de base, além de consultor executivo, cargo que deixou em janeiro de 2018. É um dos grandes ídolos de um clube que revelou grandes craques do futebol brasileiro e mundial. Não jogou a Copa de 1974 devido a uma lesão muscular de última hora e acabou substituído pelo atacante Mirandinha, do São Paulo.

Camisa 8 – Gérson

Posição: meia
Idade: 79 anos (11/1/1941)
Clube na época: São Paulo

Gérson, o Canhotinha de Ouro da Seleção (Foto: CBF)

Uma grande marca da Seleção Brasileira que ganhou a Copa do Mundo de 1970, no México, foi ter reunido como titulares cinco jogadores que utilizavam ou tinham utilizado a camisa 10 em seus clubes. Gérson era um deles. Conhecido pela precisão dos passes e lançamentos, o “Canhotinha de Ouro” colocava a bola onde quisesse, independentemente da distância. Era tido também como o cérebro do time em campo, quem ditava o ritmo do jogo. Foi eleito pela Fifa o segundo melhor jogador daquela Copa.

Gérson deu um susto na torcida brasileira logo na estreia contra a Tchecoslováquia, em que deu duas assistências (para Pelé e Jairzinho) e sofreu uma lesão que criou um suspense em torno de sua continuidade do Mundial. Tanto que ficou fora contra Inglaterra e Romênia, as demais partidas da primeira fase. Mas voltou nas quartas de final, contra o Peru.

É de Gérson o segundo gol contra a Itália na final, colocando o Brasil à frente com 2×1 no placar já no segundo tempo – o jogo terminaria 4×1.

Defendeu quatro clubes na carreira: Flamengo, que o revelou e por onde conquistou um Campeonato Carioca (1963) e um Rio-São Paulo (1961); Botafogo, onde teve a maior projeção, foi campeão brasileiro (Taça Brasil 1968), bi carioca (1967 e 68) e convocado para sua primeira Copa do Mundo, em 1966; São Paulo, pelo qual foi bicampeão paulista (1970 e 71) e convocado para a Copa de 1970; e Fluminense, seu time do coração, camisa com a qual foi campeão carioca em 1973 e encerrou a carreira no ano seguinte. Por causa da relação que construiu no Botafogo, ele hoje também se declara botafoguense. “Sou tricolor em todo lugar do Brasil e botafoguense no Rio”, disse recentemente o atual comentarista da Super Rádio Tupi.

Camisa 7 – Jairzinho

Posição: ponta direita
Idade: 75 anos (25/12/1944)
Clube na época: Botafogo

Jairzinho foi incrível: gol em todos os jogos da Copa (Foto: Fifa)

Na Copa que consagrou Pelé para sempre como mito, Jairzinho foi o Furacão. O camisa 7 ostenta a marca exclusiva de único campeão a ter anotado gols em todos os jogos de um Mundial. Foram sete em seis partidas.

O apelido “Furacão” diz tudo sobre a participação do ponta direita. As arrancadas, os cruzamentos precisos, as finalizações certeiras, tudo era motivo de preocupação para os marcadores. Foi, sem dúvida, um dos melhores jogadores na campanha do tri, senão o melhor.

Apesar da individualidade ter brilhado, ele credita o sucesso ao êxito coletivo. “Foram diversos pactos que envolveram aquela equipe. O principal deles: nós decidimos ser Brasil. Não tinha negócio de individualismo. A gente definiu que se fôssemos campeões seríamos como grupo, como nação, como Brasil”, declarou em entrevista à CBF em 2015.

É um dos quatro ídolos botafoguenses que ganharam uma estátua na entrada do Estádio Nilton Santos, além de Garrincha, Zagallo e do lateral esquerdo que dá nome ao local. Uma curiosidade: Zagallo aparece vestido com a camisa da Seleção, enquanto os demais usam uniforme do Botafogo.

Jairzinho jogou também as Copas de 1966 e 1974. Pelo Botafogo, ganhou um Brasileiro (Taça Brasil 1968), dois Rio-São Paulo (1964 e 66) e dois Campeonatos Cariocas (1967 e 68). Foi campeão mineiro (1975) e da Libertadores (1976) pelo Cruzeiro. Entre os dois clubes, teve uma passagem pelo Olympique de Marseille, na França. No fim da carreira, jogou no Jorge Wilstermann, da Bolívia, antes de voltar ao Botafogo.

Mora no Rio de Janeiro, onde tem um projeto social chamado Fábrica de Talentos Furacão, uma escolinha de futebol na periferia. É pai do treinador Jair Ventura.

Camisa 10 – Pelé

Posição: ponta de lança
Idade: 79 anos (23/10/1940)
Clube na época: Santos

A Copa de 1970 colocou Pelé um patamar acima dos jogadores mortais; virou mito (Foto: CBF)

O despontar fulminante em 1958, a lesão logo no início em 1962, a eliminação precoce em 1966 e a cereja no bolo em 1970. A Copa no México foi mais do que a coroação definitiva de Pelé como Rei do Futebol; transformou o craque humano em um ser mitológico.

O único jogador tricampeão da Copa do Mundo (1958, 1962 e 1970) chegou para seu último Mundial já consagrado por tudo que fizera e conquistara no Santos e na própria Seleção nos anos anteriores. O mundo vibrava para ver Pelé jogar, e os mexicanos, em especial, aproveitaram bastante. O Rei terminou a edição de 1970 com seis assistências, quatro gols e  outros tantos quase gols inesquecíveis, como o do chute do meio-campo contra a Tchecoslováquia, a finta de corpo diante do goleiro uruguaio Mazurkiewicz e a cabeçada salva pelo inglês Gordon Banks.

Na final, foi de Pelé o gol que abriu o placar contra a Itália. Foi dele também a assistência para Carlos Alberto, que selou a goleada. Acabou eleito pela Fifa o melhor jogador daquela Copa, na mesma decisão retroativa que deu a Gérson a segunda colocação, já que na época não havia tal premiação.

Falar dos títulos e marcas que Pelé conquistou ao longo da carreira não caberia em um resumo. Para encurtar: seis vezes campeão brasileiro, sendo cinco seguidas (Taça Brasil de 1961 a 1965 e 1968); duas Libertadores e dois Mundiais de Clubes (1962 e 63), três Rio-São Paulo e dez vezes campeão paulista. No estadual, foi artilheiro por nove vezes consecutivas (de 1957 a 65) e 11 ao todo (também em 1969 e 73). Mais de mil gols na carreira; maior artilheiro da Seleção Brasileira em todos os tempos, com 95 gols, sendo 77 em partidas oficiais. Foi eleito o Atleta do Século 20 pelo Comitê Olímpico Internacional.

Hoje, Edson Arantes do Nascimento tem 79 anos e mora no Guarujá-SP, cidade vizinha a Santos. Possui apenas um rim e, de 2014 para cá, convive com problemas de saúde frequentes. Com pouca mobilidade devido a limitações no quadril, utiliza uma cadeira de rodas para se locomover e diminuiu as aparições públicas.

Você sabia? Apenas sete jogadores brasileiros foram convocados para quatro Copas do Mundo: os goleiros Leão e Castilho, os laterais Cafu, Djalma Santos e Nilton Santos, além de Pelé e Ronaldo. Nenhum foi a cinco Mundiais (só estrangeiros).

Camisa 9 – Tostão

Posição: centroavante
Idade: 75 anos (25/1/1947)
Clube na época: Cruzeiro

Tostão jogava na mesma posição de Pelé, então a solução foi adiantá-lo para centroavante (Foto: CBF)

Outro craque dessa Seleção. Tostão era ponta de lança, mesma posição de Pelé, mas conseguiu uma vaga entre os 11 ao ser adiantado para jogar de centroavante – ideia inicialmente posta em prática por João Saldanha nas Eliminatórias para que ele pudesse jogar junto com o Rei e que terminou com Tostão artilheiro do qualificatório. No Mundial, no entanto, seus únicos gols aconteceram nas quartas de final, contra o Peru (treinado pelo brasileiro Didi), em que marcou duas vezes e foi decisivo na vitória por 4×2.

Outro lance marcante de Tostão no México aconteceu contra a Inglaterra. Ele colocou a bola entre as pernas de Bobby Moore na jogada pela esquerda antes de cruzar para Pelé, que ajeitou para o gol de Jairzinho. Placar final: Brasil 1×0. Além disso, taticamente foi considerado muito importante pelos demais jogadores e imprensa da época. Tendo que jogar próximo dos zagueiros adversários, Tostão pegou menos na bola do que estava acostumado.

Teve a carreira curta, encerrada aos 26 anos por causa de um problema ocular sofrido nove meses antes da Copa do Mundo, quando levou uma bolada e sofreu descolamento da retina do olho esquerdo. Não só a participação no Mundial ficou em dúvida, como a continuidade como atleta. Conseguiu recuperar-se a tempo, foi ao México, mas em 1973, já após outra cirurgia e como jogador do Vasco, decidiu parar de vez, por recomendação médica. Era isso ou correr o risco de ter mais problemas. Encerrou a carreira e formou-se em Medicina.

Tostão foi revelado pelo América-MG e é o maior artilheiro da história do Cruzeiro com 245 gols, logo à frente de seu grande parceiro Dirceu Lopes, que provavelmente teria sido convocado para a Copa de 70 se João Saldanha não tivesse sido demitido três meses antes da competição. Tostão também jogou a Copa de 66, na Inglaterra, e era nome certo para a edição de 1974. Atualmente, é colunista esportivo.

Camisa 11 – Rivellino

Posição: ponta esquerda
Idade: 74 anos (1/1/1946)
Clube na época: Corinthians

Rivellino e sua patada atômica, observado ao fundo por Gérson (Foto: Getty Images / Fifa)

Mais um craque deslocado de posição, Rivellino foi parar na ponta esquerda. Pode-se dizer que o ídolo do Corinthians – que depois seria também do Fluminense – abriu o caminho para o tricampeonato, já que foi dele o primeiro gol do Brasil na Copa de 1970, diante da Tchecoslováquia. Um gol, inclusive, com a marca registrada de Rivellino: uma bomba de fora da área, em cobrança de falta, empatando a partida àquela altura.

Nos seis jogos da campanha do tri, Riva só não foi titular contra a Romênia porque havia sido sofrido uma leve contusão. Fez gol também contra Peru e Uruguai, somando três em cinco exibições.

Tido como o inventor do drible elástico, disputou também as Copas de 1974 e 1978. É considerado um dos maiores jogadores da história do Corinthians e do Fluminense. No final da carreira, desbravou a Arábia Saudita ao se transferir para o Al-Hilal em 1979. Depois que parou de jogar, tornou-se comentarista esportivo, mas atualmente não está no ar. Mora em São Paulo.

Camisa 22 – Ado

Posição: goleiro
Idade: 73 anos (4/7/1946)
Clube na época: Corinthians

Ado perdeu a posição com a chegada de Zagallo (Foto: CBF)

O goleiro revelado pelo Londrina chegou a ser titular da Seleção com o técnico João Saldanha um ano antes da Copa do Mundo. Conta a história que Saldanha foi assistir a uma partida Coritiba x Londrina em maio de 1969 para observar o goleiro Joel Mendes, do Coxa (que depois ganharia a Bola de Prata do Brasileirão pelo Vitória em 1974), mas se impressionou com Ado.

Já como jogador do Corinthians durante a Copa de 1970, ele seria o titular se não houvesse a troca de treinador a menos de três meses do início do Mundial. Zagallo queria um camisa 1 experiente, e Ado, apesar dos 25 anos, não foi o preferido do “Velho Lobo”. Ainda assim, ele era o reserva imediato de Félix. Mas não entrou em nenhuma partida.

Atualmente, Ado é dono de escolinha de futebol em São Paulo.

Camisa 12 – Leão

Posição: goleiro
Idade: 70 anos (11/7/1949)
Clube na época: Palmeiras

Leão foi o terceiro goleiro (Foto: CBF)

Com 20 anos durante a Copa, Leão já se destacava no Palmeiras, onde havia sido campeão brasileiro no ano anterior (Roberto Gomes Pedrosa 1969), e acabou ganhando a vaga de terceiro goleiro devido a uma lesão sofrida por Rogério, do Botafogo.

O Mundial de 1970 acabou servindo de ambientação para o jovem goleiro, que a partir do ano seguinte ganharia a posição e depois ainda iria para mais três Copas do Mundo, um recorde entre brasileiros – 1974 e 1978 como titular, 1986 na reserva do corintiano Carlos.

Caminho pavimentado à medida que se destacava cada vez mais no clube alviverde, campeão brasileiro em 1972 e em 73 e três vezes campeão paulista (1972, 74 e 76). Saiu do Porco aos 29 anos e passou por Vasco, Grêmio, Corinthians e Sport antes de pendurar as luvas. No tricolor gaúcho, ganhou o Brasileiro de 1981.

Iniciou a carreira de treinador no Sport em 1987, tendo participado do início da campanha do título, treinou outros grandes clubes brasileiros e foi no Santos da geração de Diego e Robinho, campeão brasileiro de 2002, que viveu seu melhor momento como técnico.

Também treinou a Seleção Brasileira de outubro de 2000 a junho de 2001 e saiu após vexame na Copa das Confederações. Naquela competição, Leão não convocou jogadores do primeiro escalão e, após classificar em segundo lugar num grupo com o líder Japão, Camarões e Canadá, o Brasil perdeu da França (então campeã do mundo) na semifinal – ele afirma que a direção da CBF vetou a convocação de jogadores do exterior. Anos depois, em 2013, o então presidente do Sport, Luciano Bivar, disse à Rádio Transamérica do Recife que pagou propina a um lobista para convocação do volante Leomar, que foi o capitão da Seleção. Leão, que havia treinado o time pernambucano um ano antes, nega envolvimento no caso. Atualmente é comentarista do Esporte Interativo.

Camisa 21 – Zé Maria

Posição: lateral direito
Idade: 71 anos (18/5/1949)
Clube na época: Portuguesa

Zé Maria não entrou em campo no México (Foto: CBF)

O lateral que marcou época no Corinthians de 1970 a 1983 como um dos grandes jogadores da história do clube ainda pertencia à Portuguesa quando foi para a Copa no México. Reserva do capitão Carlos Alberto na conquista do tri, Zé Maria, então com 21 anos, acabou não entrando em nenhum dos seis jogos do Brasil.

Ele seria titular na Copa seguinte, a de 1974, na Alemanha Ocidental, com Nelinho no banco, e uma contusão o impediu de jogar a edição de 1978, na Argentina.

Zé Maria conquistou quatro títulos paulistas pelo Corinthians, um deles o de 1977, que tirou o clube da fila de 23 anos sem um troféu.

Aatualmente desenvolve um trabalho de ressocialização com adolescentes infratores na Fundação Casa, em São Paulo.

Camisa 6 – Marco Antônio

Posição: lateral esquerdo
Idade: 69 anos (6/2/1951)
Clube na época: Fluminense

Marco Antônio, o caçula do grupo (Foto: Reprodução) 

O mais jovem integrante do tricampeonato. Marco Antônio tinha apenas 19 anos na Copa de 1970 e estava cotado para ser titular, mas uma contusão o tirou da estreia e ele acabou perdendo de vez a vaga para Everaldo. Tinha um perfil ofensivo e habilidoso, ao contrário do concorrente, mais defensivo e discreto.

O jovem lateral do Fluminense acabou sendo titular somente na partida contra o Peru, nas quartas de final, porque o gremista estava machucado. E entrou durante o segundo tempo na partida anterior, contra a Romênia, justamente quando Everaldo se lesionou.

Iniciou a carreira na Portuguesa Santista e depois marcou época no Fluminense, com quatro títulos cariocas e um brasileiro (Torneio Roberto Gomes Pedrosa 1970) no período em que ficou no clube, de 1968 a 1976. Ganhou um estadual também pelo Vasco, que defendeu na sequência. Jogou ainda no Bangu e encerrou a carreira no Botafogo. Pela Seleção, foi convocado por Zagallo também para a Copa de 1974, como reserva de Marinho Chagas.

Marco Antônio sofreu um AVC em 2013 e se recuperou sem sequelas. No entanto, mantém o hábito de consumir álcool e de fumar. Um vídeo que circulou no aplicativo WhatsApp com o craque aparentemente embriagado numa mesa de bar em São João do Meriti, onde mora, na região metropolitana do Rio de Janeiro, motivou o colega de tri Paulo Cézar Caju a pedir que ajudem o lateral em sua coluna na revista Veja, em abril. Caju admitiu que a turma da velha guarda, ele incluso, “nunca assimilou a pendurada de chuteiras” e escreveu que “o problema de muitos jogadores, principalmente os de minha época, vai muito além do dinheiro. É carência, abandono, apoio psicológico”.

Camisa 15 – Fontana

Posição: zagueiro
Idade: falecido aos 39 anos (31/12/1940 – 9/9/1980)
Clube na época: Cruzeiro

Fontana não perdia viagem (Foto: Divulgação)

O capixaba Fontana jogou no Vitória e no Rio Branco do seu estado natal antes de chegar ao Vasco, onde formou uma dupla de zaga com Brito que era de dar medo em qualquer atacante pela rispidez nas jogadas.

Curiosamente, em 1970 ele já havia deixado o Vasco e estava no Cruzeiro, mesmo time de Piazza, que na equipe mineira jogava em sua posição original, no meio-campo, e na Seleção foi o preferido de Zagallo para a quarta zaga. Fontana só foi titular na partida contra a Romênia, em que Gerson e Rivellino estavam machucados. Com isso, Piazza foi adiantado para o meio e ele entrou na defesa.

Fontana morreu jovem, aos 39 anos, vítima de infarto. É, ainda hoje, o único jogador campeão do mundo nascido no Espírito Santo.

Camisa 17 – Joel

Posição: zagueiro
Idade: falecido aos 67 anos (18/9/1946 – 23/5/2014)
Clube na época: Santos

Joel ao lado do titular Piazza (Foto: Reprodução)

Outro zagueiro que também não entrou em campo no México. Joel foi titular durante as Eliminatórias, sob o comando de João Saldanha, e perdeu a posição com Zagallo. Era um quarto zagueiro que jogava com elegância.

Fez parte do poderoso Santos da década de 1960 e ganhou o Mundial de 1963, cinco títulos estaduais, três Rio-São Paulo e três nacionais (Taça Brasil 1964 e 65 e Roberto Gomes Pedrosa 1968) pelo Peixe. Começou a carreira na Portuguesa Santista e, depois do Santos, atuou no então recém-fundado PSG, da França, e no CRB. Aposentou-se aos 26 anos, como consequência de um acidente de carro na cidade de Santos no qual uma mulher que estava com ele morreu.

Era apelidado de Açucareiro por jogar com os braços abertos. Depois que encerrou a carreira, trabalhou como estivador no Porto de Santos e foi professor em escolinhas de futebol. Precisando de dinheiro, chegou a vender a medalha de campeão da Copa de 1970. Morreu em 2014, por insuficiência renal.

Camisa 14  – Baldocchi

Posição: zagueiro
Idade: 74 anos (14/3/1946)
Clube na época: Palmeiras

Baldocchi não entrou em campo (Foto: CBF)

Reserva imediato de Brito na Seleção, Baldocchi acabou não tendo chance de jogar porque o titular não se machucou nem tomou um cartão amarelo sequer ao longo dos seis jogos da campanha.

Destacou-se no Palmeiras, pelo qual conquistou três títulos brasileiros (Taça Brasil 1967 e Roberto Gomes Pedrosa 1967 e 1969) e credenciou-se a usar a camisa amarelinha. Era um zagueiro firme, que não inventava. Jogou também no Batatais e no Botafogo-SP antes de chegar ao Palmeiras e no Corinthians e no Fortaleza depois. Hoje vive em Batatais-SP, sua cidade natal, onde administra negócios da família.

Camisa 18 – Paulo Cézar Caju

Posição: meia e ponta esquerda
Idade: 70 anos (16/6/1949)
Clube na época: Botafogo

Paulo Cézar jogou quatro das seis partidas (Foto: CBF)

O 12º jogador do Brasil na campanha do tri. Paulo Cézar Caju jogou nas quatro primeiras partidas, entrando como reserva contra Tchecoslováquia e Peru e como titular diante de Inglaterra e Romênia. Isso porque era versátil e podia substituir tanto Gérson no meio quanto Rivellino na ponta esquerda, sua posição original.

Completou 21 anos durante o Mundial, mas já fazia sucesso no Botafogo há três. Foi bicampeão carioca em 1967 e 68 e, também em 1968, venceu a Taça Brasil. Defendeu os quatro grandes do Rio e foi campeão mundial pelo Grêmio em 1983. Ganhou quatro vezes a Bola de Prata Placar (premiação dada aos melhores do Campeonato Brasileiro), sendo duas pelo Botafogo, uma pelo Flamengo e uma pelo Fluminense. Fez sucesso também no Olympique de Marseille, da França, para onde se transferiu após jogar a Copa de 1974.

Atualmente é colunista da revista Veja.

Camisa 13 – Roberto Miranda

Posição: centroavante
Idade: 76 anos (31/7/1943)
Clube na época: Botafogo

Roberto Miranda jogou duas partidas (Foto: Reprodução)

Em uma seleção que jogava sem centroavante de ofício no time titular, Roberto Miranda foi a primeira opção de Zagallo quando o treinador quisesse acionar um típico 9 na equipe. Reserva de Tostão na Copa do Mundo, ele entrou nas partidas contra Inglaterra e Peru.

Nono maior artilheiro da história do Botafogo, clube que defendeu por dez anos, Roberto era treinado por Zagallo antes deste assumir a Seleção Brasileira em 1970 e tinha a confiança do técnico. Jogou também no Flamengo e no Corinthians.

Camisa 20  – Dadá Maravilha

Posição: centroavante
Idade: 74 anos (4/3/1946)
Clube na época: Atlético Mineiro

“Não existe gol feio, feio é não fazer gol”. O autor da célebre frase futebolística é o atacante Dario, o Dadá Maravilha, como é mais conhecido. O goleador não teve oportunidade de balançar as redes no México porque não entrou em nenhuma partida.

A convocação do ídolo atleticano, inclusive, foi pivô do famoso entrevero entre o técnico João Saldanha e o presidente do Brasil na época, o general Emílio Garrastazu Médici. O ditador comentou que gostaria de ver Dario convocado, ao que recebeu de João “Sem Medo” a réplica de que o presidente escalava o ministério e o treinador escalava a Seleção.  A transcrição fidedigna da frase, segundo registrou o jornal O Globo: “O general nunca me ouviu quando escalou o seu ministério. Por que, diabos, teria eu que ouvi-lo agora?” E assim Dario continuou fora dos planos.

A partir dali, o clima só piorou. Junte a isso o fato de a Seleção estar em má fase após a boa campanha nas Eliminatórias e ao relacionamento ruim entre o técnico e alguns jogadores, inclusive Pelé. O fim da linha ocorreu após um empate de 1×1 com o Bangu, duas semanas depois, em março de 1970. Seu substituto foi Zagallo, o “Velho Lobo”, que agiu de maneira política e convocou Dario para satisfazer o general. O centroavante não ficou nem no banco de reservas durante a Copa porque havia limite de cinco jogadores reservas.

Dadá Maravilha foi campeão brasileiro pelo Atlético-MG em 1971 e pelo Internacional em 1976. Entre vários outros clubes, este andarilho da bola foi bicampeão baiano pelo Bahia em 1981 e 82. Hoje é comentarista de um programa esportivo na TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais.

Camisa 19 – Edu

Posição: ponta esquerda
Idade: 70 anos (6/8/1949)
Clube na época: Santos

Edu, aos 20 anos, já estava em sua segunda Copa do Mundo (Foto: CBF)

Quer saber se Edu jogava muito? Basta uma informação: aos 20 anos de idade, a Copa do México já foi a segunda da carreira dele. Parece inacreditável, mas Edu disputou sua primeira Copa do Mundo aos 16 anos, em 1966, na Inglaterra. Até hoje é um recorde.

Na Seleção do tri, ele não teve vez com Zagallo diante da concorrência de Rivellino titular e Paulo Cézar Caju de reserva imediato. Por isso, entrou apenas contra a Romênia, aos 29 minutos do segundo tempo. Nas Eliminatórias, foi titular com João Saldanha.

“Na apresentação do novo treinador, ele reuniu o grupo e disse que precisava que todos marcassem, incluindo os atletas de posições mais ofensivas. Foi então que eu cheguei para o Riva e disse: ‘Orelha, não jogo mais nesse time’. Ele me olhou e disse: ‘Que é isso, você arrebentou nas Eliminatórias’. E eu acabei saindo do time e ele entrando, justamente na ponta esquerda”, conta Edu, que sempre se refere a Zagallo sem citar o nome do técnico.

É um dos maiores pontas da história do futebol brasileiro, tendo jogado no Santos de 1965 a 1976. Pela Seleção, foi também para a Copa de 1974 – novamente treinado por Zagallo e mais uma vez só participou de uma partida, contra o Zaire.

Passou por Internacional e Corinthians, onde fez parte do time campeão paulista de 1977, além de equipes do México e Estados Unidos. Morador de Santos, gosta de frequentar a Vila Belmiro.

Zagallo

Treinador
Idade: 88 anos (9/8/1931)

Zagallo é o técnico que mais comandou a Seleção (Foto: CBF)

Mário Jorge Lobo Zagallo é um vencedor. Bicampeão mundial em 1958 e 62 como jogador, encerrou a carreira em 1966 e iniciou a trajetória como treinador no Botafogo. Quatro anos depois viu cair no colo a chance de comandar as “Feras do Saldanha”, substituindo o treinador que havia sido demitido a 78 dias do início do Mundial.

Fez ajustes no time, como o recuo de Piazza para a zaga e a entrada de Rivellino na ponta esquerda, e embarcou rumo ao México com a missão de fazer do Brasil o dono definitivo da Taça Jules Rimet, que caberia à primeira seleção tricampeã mundial. Até então, Uruguai e Itália também eram bicampeões.

E na reta final da competição, os dois adversários cruzaram o caminho de Pelé, Jairzinho, Gérson e companhia. Na semifinal, espantamos o fantasma de 1950 e despachamos os uruguaios de virada, por 3×1. Na final, os italianos não viram a cor da bola no segundo tempo e acabaram goleados por 4×1.

Zagallo era tri, assim como o Brasil. E ainda seria tetra, como auxiliar de Carlos Alberto Parreira em 1994, nos Estados Unidos. Dos cinco títulos mundiais conquistados pela Seleção, esse alagoano de 88 anos esteve em quatro. Também treinou o Brasil nas Copas de 1974 e 1998 e foi coordenador em 2006. Uma lenda do futebol.

É o treinador que mais comandou a Seleção, com 131 jogos, sendo 97 vitórias, 25 empates e 9 derrotas. Atualmente, Zagallo mora no Rio de Janeiro e, em dezembro do ano passado, foi ao Maracanã ver Flamengo 6×1 Avaí, no último jogo do time em casa na temporada. Por Herbem Gramacho / Redebahia