PF prende presidente da Câmara de Boa Vista e subcomandante da PM por suspeita de apoio do tráfico para eleições

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Vereador Genilson Costa (Republicanos) e o coronel Francisco das Chagas Lisboa, subcomandante da PM, foram presos por esquema de compra de votos com dinheiro do tráfico

O vereador e presidente da Câmara de Boa Vista (Roraima), Genilson Costa (Republicanos), e o subcomandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Francisco das Chagas Lisboa, foram presos pela Polícia Federal numa operação que investiga o apoio financeiro do tráfico de drogas para compra de votos nas eleições municipais de 2024. A ação foi deflagrada nesta quarta-feira (18), um dia após o vereador ser diplomado em Boa Vista.

Há um mandado de prisão contra a esposa de Genilson, a policial civil Natalie Guimarães, mas ela está em São Paulo e é considerada foragida. A irmã de Genilson também foi presa. A defesa de Genilson Costa (Republicanos) classificou a prisão do vereador como “arbitrária, injusta e ilegal”. Já a PM disse, em nota, que está acompanhando o caso.

De acordo com as investigações, Genilson comprava votos dos eleitores em Boa Vista para se reeleger utilizando dinheiro do tráfico de drogas. O coronel Francisco Lisboa informava o vereador sobre as denúncias de compra de votos recebidas, quebrando o sigilo do canal de comunicação da PM.

Operação Martellus foi deflagrada com o objetivo de desarticular a associação criminosa criada durante o período eleitoral de 2024 para comprar de votos além de praticar outros crimes eleitorais. Ao menos R$ 1 milhão teriam sido utilizados na compra de votos.

PF cumpre 18 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima – 12 já foram cumpridos, incluindo contra Genilson, Natalie e o coronel Lisboa. Armas também foram apreendidas na operação.

A investigação teve início após a prisão em flagrante de dez pessoas no dia 5 de outubro deste ano pelo crime de corrupção eleitoral. Na ocasião, um suspeito, apontado na investigação como líder da campanha de Genilson Costa, teria cooptado eleitores para votar no presidente, que disputava a reeleição ao cargo de vereador no município de Boa Vista.

Em contrapartida ao voto, essas pessoas teriam recebido valores que variavam entre R$ 100 e R$ 150.

No dia 6 de outubro, uma busca e apreensão conduzida pela PF identificou a prática de diversos crimes eleitorais, culminando na prisão em flagrante do candidato pela prática dos crimes de corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e por ter ouro em sua forma bruta em sua residência, o que é crime.

O esquema liderado por Genilson, de acordo com a PF, conta com apoio de agentes públicos, incluindo subcomandante da PM, que manteria o vereador informado sobre denúncias recebidas sobre a compra de votos investigada.

O vereador possuía um grupo em aplicativo de mensagens onde os envolvidos faziam as prestação de contas sobre o esquema.

O inquérito policial aponta que Genilson, que já foi investigado em outros momentos por diversos crimes, teria recebido patrocínio do tráfico para o exercício de suas atividades parlamentares, inclusive, para a disputa à presidência da casa legislativa municipal.

Genilson Costa é investigado pela Justiça por suspeita de integrar um esquema de tráfico de drogas em Roraima. Segundo o Ministério Público de Roraima (MPRR), autor da acusação, Genilson chegou a fazer negociações de drogas de dentro do gabinete da Casa. À época, ele negou as acusações.

Ele segue para o 6º mandato como vereador, somando as vezes em que foi eleito também no interior.

O coronel Francisco Lisboa está a menos de um mês como subcomandante-geral da PM, a segunda função mais importante da corporação, conhecia como “02”. Ele foi nomeado como subcomandante no dia 20 de novembro substituindo a coronel Valdeane Alves, primeira mulher que ocupou o cargo, um dia depois dela ser exonerada pelo governador de Roraima Antonio Denarium.

Nota da defesa de Genilson Costa

A decisão que decretou a prisão temporária do Vereador Genilson é arbitrária, injusta e ilegal. Não há fatos novos que justifiquem essa nova prisão e a nova busca e apreensão. A defesa confia que o Tribunal Regional Eleitoral, assim como fez na outra ocasião, corrigirá essa injustiça.

Nota da Polícia Militar

A Polícia Militar de Roraima (PMRR) informa que, na manhã desta quarta-feira (18), tomou conhecimento da Operação Martellus, conduzida pelo Departamento de Polícia Federal, que apura a prática de crimes eleitorais relacionados ao pleito de 2024.

Entre os envolvidos, consta o nome de um membro da Corporação, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas. A PMRR está acompanhando o caso de perto e reforça ser a maior interessada no total esclarecimento dos fatos que motivaram a operação, sempre respeitando os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Por Alan.Alex / Painel Político

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