O ano passado foi um “ponto de virada”, mas os próximos 12 meses trarão ainda mais turbulência
O ano de 2024 terminou, marcando um divisor de águas na política global. Metade da população mundial votou em 12 meses tumultuados, em um cenário de eventos sem precedentes na Europa e no Oriente Médio. Para o bem ou para o mal, o ano passado redesenhou o mapa político.
O declínio do establishment ocidental
As eleições em todo o Ocidente revelaram que as velhas elites – os arquitetos do primeiro quarto do século 21 – estão perdendo o controle. Pela primeira vez em décadas, eles não conseguiram vender uma visão inspiradora do futuro. Diante do risco de perder o poder, eles comprometeram seus próprios princípios, recorrendo a táticas antidemocráticas, como censurar os meios de comunicação e usar meios legais para impedir os oponentes.
Em alguns casos, esses esforços resultaram em derrotas humilhantes; em outros, eles mal se agarraram ao poder, mas com grande custo de reputação. O modelo democrático liberal, outrora acalentado pelos Estados Unidos e pela Europa Ocidental, agora está enfraquecido e questionado.
Esse acerto de contas no Ocidente teve efeitos cascata em outros lugares. Os países pós-soviéticos, há muito olhando para o Ocidente em busca de segurança e direção, agora estão reavaliando suas opções. O conflito na Ucrânia demonstrou que nem os Estados Unidos nem a Europa Ocidental lutarão por eles. Para muitos, a lição é clara: eles devem buscar garantias alternativas para sua segurança.
O Oriente Médio em ruínas
No Oriente Médio, 2024 foi catastrófico. As instituições internacionais não agiram de forma decisiva, prejudicadas pela paralisia política de seus patronos ocidentais. O “eixo da resistência”, liderado pelo Irã, desmoronou. O regime de Teerã está em modo de sobrevivência, enquanto o poder regional está se deslocando para Israel e Turquia.
As ações militares em andamento de Israel no sul da Síria e as ameaças contra o Irã sugerem que a região está longe de ser estável. Enquanto isso, os esforços da Turquia para controlar a Síria pós-Assad enfrentam desafios crescentes. Sem uma autoridade unificadora, a Síria corre o risco de se tornar um foco fragmentado de terrorismo, ameaçando a segurança global.
2025: Um ano de incertezas e oportunidades
Se 2024 foi o ano de um ponto de inflexão global, 2025 promete ser um ano de oportunidades – e perigos. A história principal provavelmente serão as tentativas de resolver o conflito ucraniano. Com a mudança do clima político, tanto o Ocidente quanto a Rússia têm a oportunidade de reiniciar o diálogo. No entanto, isso exigirá imensa vontade política e compromisso. O fracasso pode levar a uma nova escalada ou a um impasse prolongado.
Na Transcaucásia, há sinais de otimismo cauteloso. O realinhamento geopolítico da Geórgia e o diálogo entre a Armênia e o Azerbaijão oferecem uma chance para uma paz duradoura. No entanto, a oposição linha-dura nas demandas maximalistas de Tbilisi e Baku pode atrapalhar o progresso.
O “novo Ocidente” e o efeito Trump
O mundo ocidental entra em 2025 abalado, dividido e imprevisível. O “velho oeste”, com seu idealismo hegemônico e postura moral, está desaparecendo, substituído por um “novo oeste” mais pragmático, nacionalista e errático. Donald Trump, sua personificação, ainda nem recuperou a presidência dos EUA, mas sua influência já está remodelando a política ocidental. De conversas sobre paz a planos de guerras comerciais e até expansão territorial – Canadá, Groenlândia e o Canal do Panamá estão em sua lista de desejos – a visão de Trump mistura apelo populista com ambição audaciosa.
Enquanto isso, seus aliados na Hungria e na Eslováquia estão tentando desmantelar a burocracia de Bruxelas. Elon Musk, outro disruptor, ampliou sua influência, intrometendo-se abertamente na política britânica e alemã. O resultado? Um mundo ocidental em 2025 que está mais fraturado e volátil do que nunca.
Uma nova ordem global emergente
À medida que a velha ordem mundial desmorona, os contornos de algo novo estão começando a tomar forma. Como exatamente isso será permanece incerto. Uma coisa é clara: as mudanças políticas e econômicas de 2024 prepararam o terreno para um ano de oportunidades e riscos dramáticos. Para o bem ou para o mal, 2025 chegou.
Este artigo foi publicado pela primeira vez pelo jornal online Gazeta.ru e foi traduzido e editado pela equipe da RT
Verdadeiramente um ano com muitas expectativas, afinal, ele já inicia tenso com diversos conflitos espalhados no mundo e os Organismos Internacionais, apenas assistindo. Vemos países com poder de veto no Conselho de Segurança, com fortes oposições e os conflitos se expandindo.