Teixeira de Freitas está em estado de alerta médio para surto de dengue em 2012

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Teixeira de Freitas – No ano de 2010 foram notificados à Vigilância Epidemiológica (Viep) de Teixeira de Freitas quase 2 mil casos de dengue – ano em que houve, inclusive, a morte de uma criança de 5 anos, que contraiu o tipo hemorrágico. Neste ano (2011) observou-se a drástica redução dos números, havendo, somente, a notificação de 338 casos até o momento, o que não isenta o município, entretanto, do alto risco de proliferação do mosquito no ano de 2012, visto que, conforme pesquisa feita recentemente, ultrapassa em quase 1% o nível de segurança de infestação de larvas.

Atualmente, no Brasil, há a confirmação da circulação dos quatro sorotipos de dengue existentes – DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 –, em Teixeira de Freitas foi registrada a circulação do DEN-1 e DEN-2 – informação esta que, porém, é refutável, segundo a coordenadora da Viep, enfermeira Lívia Daniela Xavier, que recomenda que todos fiquem em sinal de alerta. “Nossa cidade faz uma tríplice fronteira – entre os Estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais –, então, não há como se resguardar com essa informação, por que a circulação de diversas pessoas, vindas de todas as partes do Brasil, é inevitável”, disse. Explanando em seguida que, se uma pessoa infectada com o DEN-3 ou DEN-4 é picada por um mosquito na cidade, este ficará contaminado e já infectará outras pessoas, fazendo com que um outro tipo de vírus circule, o que pode aumentar o número de casos consideravelmente.

O ano de 2011 foi considerado pela coordenadora como um ano “confortável”, todavia, de acordo com estatística obtida através do Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa), o município está em estado de alerta médio para uma epidemia no próximo ano. Esse levantamento representa o risco de proliferação dos mosquitos em cada bairro, e deve ficar abaixo de 1% para que a zona seja considerada segura – no resultado total, Teixeira de Freitas obteve 1,7%, o que significa que, no próximo ano, há forte tendência de que haja um surto da doença. Alguns bairros apresentaram resultado ainda mais expressivo – foram eles Tancredo Neves, São Lourenço, Arco Verde e Liberdade – que obtiveram índice igual a 4%.

Cláudia Gonçalves e Raimunda Brito.

O período compreendido entre os meses de novembro a junho, é tido como o mais endêmico, por se expressar nesse tempo fatores naturais que corroboram para a proliferação do vetor da dengue, o que reforça a preocupação com os resultados do LIRAa, e a necessidade de aplicação de medidas preventivas, e, se necessário, repressivas à dengue. A coordenadora afirmou que, caso haja epidemia, a Viep possui plano de ação para controle, contudo, isso não figura segurança absoluta, sendo, de fundamental importância, a execução de medidas preventivas – segundo ela, as ações de mobilização realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde foram decisivas para a redução do número de casos notificados neste ano.

As ações de campo e prevenção foram executadas através do Programa Municipal de Controle da Dengue (PMCD) e Programa de Mobilização Social – que, além de agentes fiscalizadores, atuam também em diversos bairros da cidade com ações educativas, mutirões e faxinaços, atendendo em especial aos bairros em que há maior recorrência da doença.

Nandito Alves é coordenador do PMCD.

O coordenador do PMCD, Nandito Alves, salientou que o calor e chuvas frequentes propiciam o aumento do número de casos, mas que, aliados a fatores comportamentais, figuram o grande perigo, daí a importância das ações educativas e fiscalizadoras. “Nós trabalhamos para identificar e eliminar possíveis focos de mosquitos da dengue, mas é importante destacar que não adianta nossos agentes fazerem seu trabalho, se a própria população não se conscientiza; não tem como colocar um agente em cada casa para observar se há acúmulo de água em algum recipiente, no brinquedo da criança que ficou no quintal, no lixo que se acumulou. Nós fazemos nosso trabalho, mas isso não isenta o morador de responsabilidade – e essa parceria entre poder público e comunidade é fundamental para o controle da dengue”, disse.

O Programa de Mobilização Social atua conjuntamente com o PMDC, e, antes executado com o apoio da Fundação Getúlio Vargas, pretende no ano de 2012, apenas com a equipe local, articular uma série de medidas preventivas junto às comunidades dos bairros mais endêmicos, e expandir seu campo de atuação conforme necessidade, para que a mensagem de prevenção chegue, de fato, às casas teixeirenses. “O nosso trabalho é importante porque nós trabalhamos nas escolas, vamos direto de casa em casa e conversamos com o morador, explicamos qual a importância de manter o quintal sob vigilância, e nós percebemos a eficácia dos nossos mutirões, faxinaços, quando as pessoas se interessam, perguntam, participam e contribuem, fazendo a sua parte”, disse uma das coordenadoras do programa, Cláudia Gonçalves.

Os enfermeiros que atuam nos Postos de Saúde da Família (PSFs) dos bairros citados acima com maior risco de epidemia, participaram, recentemente, de reunião para alerta com os coordenadores da Viep e PMDC. As ações de campo já estão sendo executadas pela equipe, que conta com pouco mais de 40 agentes atuando contra a dengue, número considerado insuficiente pelos coordenadores, que aguardam o término da convocação do último concurso para que mais agentes sejam colocados nas ruas. Por fim, o coordenador do PMDC salientou que tão importante quanto às ações efetuadas pelo município, são as realizadas pelos próprios moradores. “Quando o assunto é dengue, cada um tem que fazer a sua parte – nós, enquanto poder público, estamos fazendo a nossa parte, procurando sempre por melhores resultados, mas todos devem entender que a dengue é dever do governo, mas responsabilidade de todos”, concluiu. Por Raíssa Félix.

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