Sexta economia. E daí?

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O Brasil é um país grande ou um grande país? O fato de ter dimensões continentais, e ocupar o 5º. lugar em extensão, atrás apenas da Rússia, Canadá, China  e USA, não o transforma numa grande nação. Precisa crescer mais ainda, levando educação e respeito ao seu povo. Mas quando se mede por outros parâmetros, aí a porca torce o rabo e as distorções se avolumam e aparecem. Todos querem levar vantagem. Delfim Netto, certa feita, afirmou que o mapa do Brasil se assemelha a um pernil, onde todos vão fatiando-o ao bel prazer. Analisando grandes personagens da MPB, Roberto Pompeu de Toledo (Veja, 07.04.2010, pág. 126) sintetizou o sentimento do brasileiro, citando Noel Rosa como exemplo, quando ele, Noel, em Conversa de Botequim, dá ordens várias ao garçom e ainda saindo sem pagar a conta. Em meados da década de 40, Luiz Gonzaga fez sucesso com uma música onde o rapaz cobrava do dono do botequim o troco dizendo: “eu lhe dei vinte mil reis pra tirar 3,300, você tem que voltar  17,700”. Aí carece um esclarecimento, ou o pinguço era muito esperto ou analfabeto em aritmética.  Vemdaquela época, talvez, os parcos conhecimentos de alguns dos valores que se expressam. É bem provável que os políticos brasileiros tenham bebido tais sinais de esperteza nos ensinamentos reprováveis do homem do Botequim, que calculava erroneamente a seu favor. Exemplo nada dignificante, o que faz com seja a 6ª. Economia uma das mais expressivas em corrupção, com a certeza de que jamais será punido por se apoderar de recursos públicos desviados em proveito próprio, que não aplica em pesquisas cientificas, como tão bem ressaltou a Veja, (04.01.12) onde ocupa um modesto 13º. Por tais motivos, não se conhece um vulto brasileiro vencedor de qualquer um dos seis prêmios Nobel, – Física, Química, Medicina, Literatura, Paz e Economia – enquanto inexpressivos (sem discriminação) como Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México, Peru, foram laureados, alguns dos quais mais de uma vez. A pequenina Bélgica, o beligerante Paquistão, Israel, a Nigéria, Gana e até Portugal. E a 6ª. Economia? Bem a 6ª. Economia outrora já foi 7ª. caiu para 13ª. É um alvissareiro sinal de que logo logo chegará  ao primeiro. Basta que os que lhe estão à frente sejam destruídos por algum fenômeno natural ou artificial: USA, China, Japão, Alemanha e França, que se cuidem.  Quem sabe Roudine ou outro mágico qualquer não ore por nós? O colunista de A Tarde, Samuel Celestino, escrevendo sobre o assunto intitulou seu artigo de “O Ouro dos Tolos”, numa alusão aos garimpeiros que não distinguem o joio do trigo. Pois é, o Brasil ultrapassou a vetusta e outrora poderosa Inglaterra, onde uma de suas Rainhas, certa feita, disse que no seu Império o Sol nunca se punha. Porém quando se compara a 6ª. Economia com países minúsculos, em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Ouro dos Tolos aflora. Enquanto a gelada Noruega ocupa o pódio, seguida de liliputianos, como a Holanda, Nova Zelândia, Liechtenstein, entre os dez primeiros, a 6ª. economia ocupa um vergonhoso 84ª. Em PIB 47ª.  No Brasil não se faz pesquisas, não se aplica recursos para desenvolvimento do ensino, onde é proibido reprovar o aluno das primeiras letras. É preciso manter a linha de analfabetos até o final. O altíssimo índice de reprovação no Exame da Ordem dos Advogados, para admitir a entrada de seus filiados, é sinal da falta de preparo daqueles que tentam o ingresso naquela entidade. Não esquecer o ENEM. (stultorum numerus infinitus est – é grande o numero de imbecis).

Teixeira de Freitas, 03 de janeiro de 2012. *Ary Moreira Lisboa é advogado e escritor.