PT, PSDB, PMDB E DEM blindam Gerdau e filho de Lula. STF decidiu: Moro não investigará Lula

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1ª parte – Operação Abafa. Na CPI do Carf/Zelotes (na Câmara dos Deputados), em 31/3/16, acordão espúrio entre o PT, PSDB, PMDB e DEM blindou André Gerdau assim como o filho do Lula (Luís Cláudio), evitando a convocação deles para deporem sobre seus possíveis envolvimentos em atos de corrupção. Somente quatro votos foram favoráveis à convocação: de Ivan Valente (PSOL-SP), Altineu Côrtes (PMDB-RJ), Delegado Éder Mauro (PSD-PA) e Joaquim Passarinho (PSD-PA).
O grupo Gerdau fez doações de R$ 27 milhões nas eleições de 2014, distribuídas entre todos esses partidos que foram contra a votação (é incrível como o ilustrado Gilmar Mendes continua favorável ao financiamento privado das campanhas eleitorais).
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) defendeu que a convocação de André Gerdau fosse retirada de pauta até que tivessem mais documentos em mãos sobre a situação da empresa. Foi acompanhado por Marcus Pestana (PSDB-MG), José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Arlindo Chinaglia (PT-SP).
É abatido e contristado que todos nós brasileiros, que gostaríamos de ver o Brasil passado a limpo, nos deparamos a cada dia com novos episódios de corrupção e de encobertamento das castas privilegiadas que pisam diariamente sobre o povo brasileiro. Essas oligarquias carcomidas pela desonestidade e ganância estão deixando a população cheia de fel e de ira. Embora seja doloroso ficar denunciando esses desmandos em cada dia, a verdade é que seus caprichos fazem parte dos nossos costumes, repletos de malignidade infinita e de sofrimento, que agridem nossos olhos, nossas mentes e nossos corpos. Deveríamos estar discutindo novos planos de educação, novas alternativas de mobilidade social, mas somos compelidos a voltar à incomensurável malignidade humana, que tentam esconder com um bem que não existe ou que é exagerado.
Por causa da operação Zelotes, Joseph Safra (Banco Safra), o segundo homem mais rico do Brasil, foi denunciado criminalmente porque teria pago R$ 1,5 milhão de corrupção para se livrar de autuações fiscais de R$ 1,5 bilhão (ver Carta Capital). Muitas outras empresas estão sendo investigadas neste caso (Carf): RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, que teria tido ajuda do ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes; o banco Santander; as montadoras Ford e Mitsubishi; e as companhias Cimento Penha, Boston Negócios, J.G. Rodrigues, Café Irmãos Julio e Mundial-Eberle, dentre outras. A Zelotes ainda apura também o envolvimento de um filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro Gilberto Carvalho em um suposto esquema de venda de leis.
Não é, evidentemente, a primeira vez que governo e oposição fazem acordo para proteger seus financiadores.
Aécio Neves (em 5/11/14), na sua estreia como líder da oposição, dono de 51 milhões de votos, pronunciou um retumbante discurso (no Senado) e sublinhou: “Vamos fazer uma oposição incansável, inquebrantável e intransigente; temos que exigir exemplares punições àqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história deste país; só vamos dialogar com o governo se houver investigação implacável no petrolão”.
Seu discurso ainda ecoava dentro e fora do Congresso Nacional (tal como uma potente voz penetra as ondas que atravessam um longínquo horizonte) quando, em outra sala do mesmo local, parlamentares do PSDB fechavam um “acordão” com os “petistas” para livrarem de ser chamados à CPI mista da Petrobrás alguns suspeitos de participação no “petrolão” (Leonardo Meirelles, Hoffmann, Vaccari etc.).
Qual seria o grau de pouca-vergonha necessário para que a sociedade civil brasileira desse um basta definitivo às oligarquias mesquinhas da República Velhaca, que vivem à sombra do Estado patrimonialista? Até quando as castas intocáveis estariam autorizadas a pisotear as pessoas indignadas deste canto do mundo? Continua.
*Luiz Flávio Gomes, jurista e coeditor do portal “Atualidades do Direito”. Estou no [email protected]