Por uma educação transformadora

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Não é segredo para ninguém que a educação brasileira, em muitos aspectos, vai de mal a pior. Faltam investimentos, qualificação profissional e também método de ensino. Esse último até que existe, mas muitas vezes de forma bem empírica e, portanto, pouco científica, o que leva à reprodução de sistemas educacionais que só fazem induzir o aluno ao desenvolvimento de qualidade muito mais relacionado à capacidade de se decorar o assunto do que seria mais desejável: aprender de verdade!
Entende-se, todavia, que grande parte das escolas e mesmo os cursos de nível superior têm valorizado uma educação bancária: aquela educação em que o professor vai depositando e depositando informações na cabeça do aluno para no dia da prova verificar o quanto restou de saldo do que foi depositado!
Nesse sentido, alternativas educacionais e metodológicas vêm sendo tentadas especialmente no ensino superior, onde o tradicional método de ensino com excessiva valorização das aulas expositivas vêm perdendo terreno para métodos mais racionais, como, por exemplo, o método de Aprendizagem Baseada em Problemas (APB), que propõe uma educação centrada no aluno e não no professor – sendo, portanto, o aluno agente responsável pelo seu conhecimento, e o professor, apenas como uma facilitador da aprendizagem – uma espécie de tutor.
Em algumas escolas de Medicina mundo afora e agora também em algumas do Brasil, a APB tem-se mostrado bem superior ao método tradicional, pois é um programa educacional centrado no aluno e não no professor e que leva à existência de um currículo interdisciplinar. Explico: no método tradicional, o aluno teria, inicialmente, uma série de aulas teóricas e somente no final do curso é que iria para a prática – porém era notória a dificuldade que tinham em “ligar” a teoria vista em sala de aula referente às diversas disciplinas com as necessidades práticas do seu ofício. Na Aprendizagem Baseada em Problemas, o aluno assim que chega ao ensino superior é inserido na prática, no começo como observador, e tem logo de imediato contato com tudo aquilo de que necessitará para o desenvolvimento de sua futura atividade profissional.
Na APB – os problemas são utilizados como motivadores do conhecimento; os alunos, em grupo, e individualmente, realizam pesquisas a respeito dos tópicos relevantes e necessários para a solução do problema proposto pelos professores e tutores e são posteriormente avaliados em seu trabalho de pesquisa, resultado: gente capaz de buscar o conhecimento por conta própria; pessoas afiadas na capacidade de refletir, buscar e selecionar tudo aquilo que é necessário e, por fim, futuros profissionais com hábito de estudo, leitura e metodologia para a resolução dos diversos desafios que afligem a sociedade – exatamente aquilo que se espera de uma educação transformadora.