Polícia Militar para no extremo sul da Bahia

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Além da capital, no extremo sul do Estado, policiais militares paralisam atividades também em Eunápolis, Porto Seguro, Itamaraju e Teixeira de Freitas – o clima de insegurança se espalha e comércio fechou as portas mais cedo nesta sexta-feira (3).

Policiais militares da capital baiana deflagraram greve por tempo indeterminado na última terça-feira (31), e, apesar dos esforços do comando estadual e locais em minimizar o movimento e não o reconhecerem, a greve se espalhou por toda a Bahia e chega ao extremo sul. Nesta sexta-feira (3), em assembleia organizada pela Associação dos Praças Policiais Militares do Extremo Sul da Bahia (Apratef), foi decidido que os policiais da região também aderirão à greve, aquartelando-se a partir desta tarde, até que as negociações sejam iniciadas com o Governo do Estado.

Ainda ontem, quinta-feira (2), o comandante do 13.° Batalhão de Polícia Militar, em Teixeira de Freitas, tenente-coronel Sérgio Barros Bispo afirmou em entrevista ao Jornal Alerta que “este movimento refere-se apenas à decisão de um grupo isolado que sequer representa a corporação”, referindo-se à Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra-BA) – responsável pelo início do levante, que, ao contrário de sua opinião, recebeu adesão de várias cidades, além do extremo sul, como, por exemplo, Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus, Feira de Santana, Jequié e Santo Antônio de Jesus.

O presidente da Apratef, soldado Moacir Souza, afirmou que o objetivo da associação, ao aderir à greve, não é duelar com o comando, tampouco deixar a cidade desguarnecida, entretanto, “não podemos prejudicar o movimento, que busca melhorias não só para os praças, mas, inclusive, para os oficiais – buscamos melhorias para toda a classe”, disse.

Em Teixeira de Freitas, 100% do efetivo aderiram à greve e estão aquartelados no 13.° BPM, inclusive, foram recolhidas todas as viaturas das ruas, apenas duas motos circulam como apoio, mas também serão recolhidas pela segurança dos PMs. “Essa é uma justa reivindicação, nós temos recebido o apoio da população civil organizada, e esperamos que esta situação seja resolvida o mais breve possível”, disse Souza. Ele ainda informou que apenas uma viatura ficará de prontidão para atender a qualquer urgência ou emergência.

Os grevistas reivindicam, conforme o sargento Fábio Britto, diretor jurídico da Aspra – que iniciou o levante – o cumprimento do pagamento da Gratificação por Atividade de Polícia (GAP) IV e V, prevista na Lei 7.145, de 1997, que iriam compor a remuneração dos policiais, chamada de soldo, além de regulamentação do pagamento de auxílio acidente, periculosidade e insalubridade. Ele explica que a remuneração dos policiais militares fica, atualmente, em torno de R$ 2.300 – que corresponde à soma do valor do salário-mínimo com a GAP III. E informou em entrevista: “Também pedimos o cumprimento das leis 12.505 e da 12.191, sancionadas por Dilma e Lula, respectivamente, que falam sobre a anistia aos policiais punidos que lutaram por melhorias salariais entre 1997 e 2001 e que não estão sendo cumpridas pelo governo do estado”.

A deflagração instala um clima de insegurança na Bahia, e, nesta sexta-feira, o comércio teixeirense, seguindo orientação do Sindicato do Comércio Atacadista e Varejista de Teixeira de Freias (Sincomércio), assim como noutras cidades, baixou as portas mais cedo. Os lojistas temem que arrastões sejam efetuados, haja vista a ausência ou ineficiente assistência por parte dos policiais, e, por isso, acabaram por fechar suas lojas com antecedência. “Essa medida visa também à segurança dos próprios trabalhadores, que irão para casa mais cedo, antes que escureça”, disse o presidente do sindicato, Flávio Guimarães. “Esperamos que a situação da greve seja resolvida até segunda-feira, mas, caso não tenha sido, teremos nova reunião para estabelecer ou não um horário provisório para o comércio”, afirmou Flávio, o qual informou ainda que cinco assaltos aconteceram apenas na manhã desta sexta-feira. Por Raíssa Félix / Jornal Alerta