Medeiros Neto – Na madrugada de segunda-feira (6/3), mais de mil mulheres do Movimento Sem Terra ocuparam as instalações industriais da Usina Santa Maria, que é a maior Destilaria de Álcool do Norte/Nordeste, localizada às margens da BA 290, Km 43, no município de Medeiros Neto.
Segundo a coordenação estadual do MST a ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, que no mês de março intensificam as mobilizações e ocupações contra o capital e o agronegócio.
“Essa ocupação dá início à Jornada de Lutas na Bahia que tem o foco de denunciar a perda de direitos e os retrocessos, entre eles, a proposta de Reforma da Previdência que tramita no Congresso Nacional”, garante o MST.
Com o lema “Estamos todas despertas! Contra o Capital e o Agronegócio. Nenhum Direito a Menos!”, as trabalhadoras afirmam que as mulheres são as primeiras a sofrerem com as consequências do programa de corte de direitos.
Por isso, segundo o MST, a luta em defesa da Previdência Social pública, universal e solidária deve ser à base dessa Jornada.
O Movimento acredita ainda que a Previdência é um dos alicerces do mundo do trabalho e que garante cidadania, respeito para o homem e a mulher do campo.
Além disso, denunciam as medidas consideradas golpistas do Governo de Michel Temer (PMDB), a violação dos direitos humanos e a destruição da natureza praticados pelo modelo de produção do capital, através dos monocultivos de eucalipto e da cana de açúcar na região.
Em seu sexto ano de ocupação é a primeira vez que o Movimento ataca uma plantação de cana e sua indústria, nos anos anteriores as investidas foram sempre nas plantações de eucaliptos.
O Movimento acusa a empresa de possuir dívidas milionárias junto ao BNDES e de diversos processos trabalhistas de violação aos direitos humanos, assim como a destruição do meio ambiente, fato negado pelos empresários que implantaram a indústria e plantio na área, quando a mesma já estava desmatada pela antiga Brasil/Holanda, e que ao longo do tempo vem fazendo e mantendo de acordo com a lei, reflorestamento das chamadas Áreas de Preservação Permanentes – APPs e manutenção das baixadas, brejos e córregos, a fim de manter o equilíbrio com o meio ambiente, fator essencial para a produtividade de cana que carece de chuvas constantes.
A Usina é uma empresa dedicada exclusivamente à exploração da cana-de-açúcar e à produção de etanol e que gera milhares de emprego na região durante praticamente todo o ano, o que tem mantido o equilíbrio financeiro de centenas de famílias, assim como do comércio de várias cidades que a circunda.
Segundo denúncia da direção da Usina Santa Maria, todas as medidas cabíveis e judiciais estão sendo tomadas para que de forma pacífica a fábrica seja desocupada, mas além da invasão o Movimento destruiu uma área imensa de plantação de cana causando enormes prejuízos.
Em entrevista a nossa reportagem uma das líderes do Movimento, Maria Stella disse que, além das reivindicações já citadas, elas também querem a disponibilização de uma área de 5 mil hectares de terras para implantação de um assentamento com Reforma Agrária.
Repercussão
Nas redes sociais o Movimento tem sido criticado veemente por conta da invasão da Usina Santa Maria que é a única empresa de grande porte na geração de emprego na região e que a mesma não pode ter seus direitos tolhidos, quando há outros meios de reivindicações a serem postos em prática, mas que o Movimento parece ignorar.
Inclusive um dos comentários é: Se eles estão reivindicando alguns direitos deles que vão reivindicar onde eles perderam e não na fábrica de empregos da nossa região. Por Antônio Carlos / Jornal Alerta.