Locução verbal com o verbo VIR

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Vamos analisar um erro que vem se espalhando em relação à locução verbal formada com o verbo VIR.
O certo é DEVEREI VIR, PODEREI VIR, sempre com “R” no final, e nunca “deverei vim”, “poderei vim”, com “M” final, pois essa forma é inaceitável.
VIM é a primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “eu VIM de longe….”
O infinitivo é VIR, e é com ele que se formam as locuções verbais.
O correto, portanto, é “eu poderei vir, nós poderemos vir, eles poderão vir”.
Outra construção pouco agradável de se ouvir é a locução construída com os verbos IR e VIR, como em “ele vai vir”. Prefira usar o tempo futuro de vir: “ele VIRÁ”.
Também não diga “nós vamos vir”. Prefira: “nós VIREMOS”.
Particularidades do verbo PÔR
Agora o verbo primitivo em destaque é PÔR. Cuidado, porque ele tem algumas particularidades.
Você sabe por que o verbo PÔR pertence à segunda conjugação? Porque antigamente era “poer”, com vogal temática E.
Mais curiosidades:
1ª) O verbo pôr é acentuado, recebe acento circunflexo na letra “O”. Mas seus derivados, como REPOR, COMPOR, EXPOR não são acentuados graficamente.
2ª) A primeira pessoa do pretérito perfeito do modo indicativo é PUS, com “S”.
O verbo PÔR não tem a letra Z em nenhuma das suas pessoas, tempos ou modos: puseram, puser, pusemos…
Eu TÔ ou ESTOU?
Nosso problema agora é um hábito muito comum dos brasileiros de abreviar a conjugação de alguns verbos. O verbo ESTAR é um dos que mais sofrem na linguagem do dia a dia.
É comum ouvir: EU TÔ, em vez de ESTOU.
Ou ouvir NÓS TAMOS ou TAMO, no lugar de NÓS ESTAMOS.
Ou, ainda, EU TIVE na sua casa, em vez de EU ESTIVE na sua casa.
Quando falamos TÔ, TÁ, TAMOS, TIVE, quem ouve até entende o que se quer dizer.
Mas numa prova, numa entrevista de emprego, você não pode nem pensar em falar ou escrever desse jeito.
Não custa nada pronunciar a sílaba inicial ou o S final das formas verbais.
Diga sempre, eu ESTIVE LÁ – e não eu TIVE.
Ele ESTEVE com o gerente – e não ele TEVE com o gerente.
É importante observar que a frase “Ele TEVE com o gerente” é ambígua, porque a forma TEVE pode ser também do verbo TER.
Afinal, Ele “teve” o que com o gerente? Teve algum relacionamento? Ou simplesmente esteve com o gerente?
HAVIA ou HAVIAM?
Um verbo que sempre deixa a maioria das pessoas com dúvidas é o verbo HAVER.
É muito comum ouvirmos frases como:
“HAVIAM dez pessoas na sala”;
“HOUVERAM muitas demissões na empresa”…
Sabe o que tem de errado nessas duas frases?
O uso de HAVIAM e HOUVERAM no plural.
O verbo HAVER, no sentido de “existir, acontecer” ou quando indica tempo transcorrido é impessoal.
Isso significa que ele deve ficar fixo na terceira pessoa do singular.
Portanto, diga e escreva:
“HAVIA dez pessoas na sala”;
“HOUVE muitas demissões na empresa”.
Observe mais exemplos:
“HÁ dois dias não vejo Pedro”;
“HAVIA três gatos no quintal”.
Atenção: os verbos EXISTIR e ACONTECER/OCORRER NÃO são IMPESSOAIS. Eles concordam com o sujeito da oração:
“EXISTIAM TRÊS GATOS no quintal”;
“EXISTIAM dez pessoas na sala”;
“OCORRERAM fatos estranhos ontem à noite”.
Assim sendo, tome alguns cuidados:
“HÁ ou EXISTEM muitos problemas para serem resolvidos”;
“HOUVE ou ACONTECERAM alguns acidentes nesta esquina”;
“DEVE HAVER ou DEVEM EXISTIR muitos problemas”;
“VAI HAVER ou VÃO EXISTIR dúvidas”;
“PODE HAVER ou PODEM ACONTECER acidentes”.