Dupla delícia

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Os leitores sabem que muitas foram as vezes em que discorri sobre a importância da leitura na formação do indivíduo, na possibilidade de mudanças radicais dentro da sociedade discriminatória, excludente e exploratória em que vivemos. O poder emancipatório do ato de ler é tão real que desde a nossa colonização essa atividade era altamente controlada pelos que estavam no poder, restrita ao clero, aos senhores e seus familiares, a fim de manter a população à margem de tudo que ocorria em seu contexto, uma vez que, por meio da leitura é possível tomarmos posse de informações importantes de nossa comunidade. A escrita é um meio de registro e quem lê tem acesso ao que podemos chamar de documentos históricos.

Até mesmo a literatura, sem que tenha tal intencionalidade, é capaz de nos informar traços peculiares da cultura, moda, política, economia e pensamentos de uma comunidade de determinada época, como disse Descartes: “a leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados”. Por isso, é imprescindível que uma sociedade tenha como base de formação de seu povo a leitura, objetivando sujeitos emancipados, um grupo social que deseje acabar com a exploração do homem pelo homem e, assim, precisa de bibliotecas, necessita que a população seja formada por leitores perspicazes e vorazes, capazes de devorar livros por semana, tendo nessa ação o mais saudável prazer. Teixeira de Freitas deu um passo importante quando da inauguração de sua biblioteca pública, deu à população um espaço reservado para realizar suas pesquisas, ou, somente deleitar-se com uma boa leitura ao invés de ficar em casa assistindo aos péssimos programas da TV, cujo conteúdo serve apenas para alienar ainda mais as pessoas.

Mas, os teixeirenses não querem emancipar-se. Eles dizem que a cidade “precisa de cultura”, mas, só pelo enunciado, percebe-se que o conhecimento a cerca de cultura é limitado. O teixeirense segue, a cada dia, provando que quer mesmo é festa, é viver a política do pão e circo. Mas, nossa cidade é o reflexo de nosso país, que lê mal, ou não lê, os verdadeiros analfabeto citados por Quintana,

Quanto à nossa biblioteca, espero que esteja sendo mais frequentada, e que mais pessoas possam entender o que Mário Quintana disse com: “Dupla delícia: o livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado”. Afinal, férias é um momento ótimo para conhecer lugares mágicos, histórias instigantes, pessoas diferentes e isso é o mínimo encontrado na companhia de um livro.