Delcídio: “coisa de imbecil; que loucura; que idiota” (diz lula)

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O Instituto Lula negou tais falas do ex-presidente,
Como sói acontecer com todos os políticos.
Mas quem estava presente confirmou.
Lula, num almoço, censurando Delcídio, afirmou:
“Coisa de imbecil, que loucura, que idiota, que burrada”.

Qual foi a “burrada” de Delcídio?
“Agora, a hora que ele sair,
Tem que ir embora mesmo.
Mas a saída pra ele melhor
É a saída pelo Paraguai”.

Mais: “Temos que centrar fogo no STF agora,
Eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli,
Pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar,
O Michel conversou com o Gilmar também,
Porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada.”

Ao mundo exótico e descarado pertence
A tradição da política-empresarial-financista brasileira.
Seja a oligarquia de direita ou de esquerda,
O que mais importa é se arrumar.
Compram tudo e todos.
Lava Jato, até aqui, está sendo exceção.

O Estado patrimonialista foi inventado para isso.
Roubem tudo que puderem,
Pois peixe grande não vai para a cadeia.
Essa sempre foi a crença nacional.

O jornalista maranhense João Francisco Lisboa,
No Jornal de Timon, escrito em meados do século XIX,
Evidencia o mundo sórdido e persistente
Dessa secular roubalheira oligárquica,
Que é nota característica
Também da Ré-pública Velhaca (1985-2015).

Não se condena o companheiro pelo ato de roubar.
É o fracasso revelado na ação que se costuma censurar.
Da convivência se passa à conivência,
Até se chegar à imoral-existência.
Faltando o roubo e o poder,
Vem a crise de abstinência.

Como nos conta o ex-mafioso Louis Ferrante,
Na antiga Esparta os meninos de doze anos,
Para depurar a engenhosidade e as destrezas.
Tinham uma “educação criminal” peculiar.

Numa colina os meninos eram deixados,
Até que a fome se tornasse insuportável.
Nesse dia eram todos mandados para a cidade,
Para roubar e sobreviver. E treinar.

Tinham que ser habilidosos e astutos.
E se fossem surpreendidos em flagrante,
Eram castigados severamente,
Porém, não pelo ato de roubar,
Sim, por fracassar.

Os espartanos acreditavam que um menino de doze anos,
Se dominasse a arte de roubar,
Teria grande prosperidade na vida.
Só não podia fracassar na ação.
Esse era o objeto da reprovação.
Não o roubo, sim,
A imbecilidade e a burrada do fracasso.

Mesmo mudando a personagem,
O reprovável, para a oligarquia extrativista,
Não é o roubo,
Sim, a sua delação.
É isso o que os moralistas falsos condenam:
O fim da “omertà” (que é o silêncio da Máfia).

Os cavaleiros da Ordem dizem:
“A esperança tinha vencido o medo.
Depois descobrimos que o cinismo venceu a esperança.
E agora parece que o escárnio venceu o cinismo.
Quero avisar (disse a ministra Cármen Lúcia)
Que o crime não vencerá a Justiça”.

“É preciso esmagar e destruir com todo o peso da lei
Esses agentes criminosos que atentaram contra as leis
Da República” (Celso de Mello).
Oxalá o Bem vença o Mal.
Só assim transformaremos em humano um animal não domesticado.
*Luiz Flávio Gomes, jurista e coeditor do portal “Atualidades do Direito”. Estou no [email protected].