Amantes, FHC, Renan… as ideias do povo é que precisam fazer sexo

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1ª parte – É chegado o momento de as ideias do povo brasileiro fazerem sexo. Durante 516 anos, mirando o poder público, só falamos do sexo dos donos do poder (classes dominantes e reinantes). Ao longo da história, quantos rios de tinta e verborragia foram gastos para falar de amantes de FHC, Lula, Collor, Ademar de Barros, Renan, D. Pedro I, D. Pedro II etc.?
FHC teria pago pensão para sua amante por meio de um contrato de trabalho falso feito por uma concessionária de lojas nos aeroportos brasileiros (Brasif). A pensão da amante de Renan foi paga pela empreiteira Mendes Júnior. Collor teria usado o poder para ter amante famosa. No último debate da campanha de 1989 não se falou de outra coisa senão da amante de Lula.
Um país exaurido, com 150 milhões de analfabetos funcionais, mergulhado em profundas crises (política, econômica e sociais), tem que progredir e varrer da vida pública todos os seus “heróis sem caráter” (mucanaímicos). A Operação Lava Jato deveria ser o ponto de partida para uma evolução comportamental.
Todo mundo sabe que a corrupção é errada: o sociólogo sueco Bo Rothstein afirma que “[os delinquentes econômicos cleptocratas, leia-se] os corruptos sabem que essa prática é imoral e danosa para a sociedade. Mas, isso não é suficiente para evitá-la; não basta internalizar os efeitos malignos para a sociedade de uma prática; impõe-se criar os incentivos (e obstáculos) adequados para que as pessoas não se envolvam nela”. Nossa tolerância mucanaímica é que precisa ser proscrita.
Quem, por corrupção, incompetência e pilhagens eleitorais, afunda uma das maiores empresas petrolíferas do mundo (Petrobras), esse é o caso do lulopetismo e seus comparsas, claro que deveria ser rifado do jogo político (pela via jurídica ou pelo voto).
Quem, para complementar os rendimentos de seu filho extraconjugal e de sua ex-amante no exterior, é suspeito de ter sido beneficiado por um contrato falso de uma empresa concessionária de lojas nos aeroportos (duty free – Brasif), claro que deve ser desmascarado e desacreditado (porque um falso herói).
O dono da Brasif (Jonas Barcelos), a propósito, confirmou que ajudou FHC (sem pedido dele) e mandou recursos para o exterior para Mirian Dutra, que foi amante do ex-presidente nos anos 80-90. Tudo feito por meio de um contrato fictício de trabalho (o crime de falsidade, desde logo, é inequívoco). A relação extraconjugal entre FHC e Mirian esgota a dualidade sexo e poder (sedução, desejos e gozos recíprocos). A parte do dinheiro (na trilogia) vem agora: o dono da Brasif tinha e tem excelentes conexões com as cortes (tanto de FHC como de Lula).
Em 1997, quando o governo FHC reduziu de US$ 500 para US$ 300 dólares o máximo que se podia comprar nas lojas duty free dos aeroportos, seu poder de influência falou mais alto. Prontamente a mudança foi abandonada (e voltou o valor original). Antonio Palocci, ex-ministro da fazenda no governo lulopetista, foi consultor da Brasif, que foi vendida em 2006 para a empresa suíça Dufry (e nisso teria havido “ajuda” – envolvimento – de membros do governo petista – ver Ricardo Noblat). Isso justificaria a postura amena do PT no affair FHC.
*Luiz Flávio Gomes, jurista e coeditor do portal “Atualidades do Direito”. Estou no [email protected].